A ave cigana
José Cândido de Melo Carvalho narra sua viagem ao Javari-Itacoaí-Juruá:
"Penetramos, ainda de madrugada, no Igarapé Tacana. A diferença do rio para o igarapé é muito grande. Neste último, a água é escura, calma e a mata, em torno, vem debruçar-se sobre ela, formando nas margens uma densa parede verde. Quase não há canarana, nem tacana, plantas que dão nome ao igarapé. Não podíamos ter dia melhor para viajar; muito fresco, com um pouco de neblina. [...].
No Tacana existe, em abundância, uma pequena ave aquática (Sterna superciliaris Vieillot, 1819) de bico amarelo, ponta da asa preta, mancha negra sobre os olhos e costas cinzentas. Também são muitos os arirambas ou martim-pescadores, da espécie grande e do miudinho (Chloroceryle aenea aenea Pallas, 1764) excessivamente arisco. A cigana pode ser vista nas margens, ao longo do igarapé. [...]. Logo que percebe uma canoa, a cigana emite um som coaxado e, abrindo as asas, eriça as penas da cabeça, permanecendo assim por algum tempo. Agora posso compreender porque Goeldi, no seu Álbum das Aves Amazônicas, colocou-a na página de rosto, nessa posição. Não poderia escolher outra atitude que melhor caracterizasse essa relíquia de nossa ornis".
CARVALHO, José Cândido de Melo. Notas de viagem ao Javari-Itacoaí-Juruá. Publicações Avulsas do Museu Nacional, Rio de Janeiro, n. 13, p. 19, 1955.
Cigana (Opisthocomus cristatus)
Martinet, François Nicolas. Planchees enluminées d´histoire naturelle. [1765-1783?].
www.biodiversitylibrary.org
Goeldi, Emílio A Álbum de Aves Amazônicas. 1900-1906. |
Parabéns Olímpia, é um prazer e uma inspiração ler sobre a história da Amazônia em suas publicações aqui no blog e em seus livros.
ResponderExcluirObrigada Jonilson, por apreciar meu blog e meus livros! Visite sempre, ok? Um abraço!
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