Um espetáculo imponente
"Fiquei deveras encantado ante a beleza da vegetação. Esta ultrapassava tudo que eu até então tinha visto.
A cada volta do rio, algo de novo se nos apresentava.
Ora um enorme cedro, que pendia sobre as águas, ora uma enorme árvore de algodão-seda que se destacava, como um gigante, acima da floresta.
Viam-se continuamente as esbeltas palmeiras açaís em vários grupos, muitas vezes erguendo os seus troncos uns cem pés para cima, ou se arqueavam então em graciosas curvas, quase encontrando as da margem oposta.
Comumente encontrávamos também a palmeira "miriti", com os seus estípites retilíneos e cilíndricos, semelhantes a colunas gregas, tendo imensas copas de folhas em forma de leque, e de onde pendem os seus gigantescos cachos de cocos.
O espetáculo era na verdade imponente. [...].
Essas palmeiras cobrem-se de trepadeiras, que sobem até alcançar as suas grimpas, onde soltam então as flores.
À beira da água, veem-se numerosos arbustos em florescência, por vezes completamente cercados de convolvuláceas, "flores-da-paixão" ou begônias.
Toda árvore morta, ou semi-apodrecida, torna-se de parasitas de singulares formas e de belíssimas flores, enquanto nas palmeiras de menor porte e de caules de curiosas formas se entrelaçam os cipós, formando-se abrigos na floresta, por baixo dos seus emaranhados.
Para complemento, não faltam ali animação e vida.
As araras de plumagem de cor amarela e vermelha, muito vivas, passam continuamente, voando, lá bem no alto, enquanto os papagaios e periquitos, fazendo grande alarido, voam de árvore em árvore, à procura de alimento.
Dos galhos pensos sobre a água, aqui e acolá, vêem-se por vezes os balouçantes ninhos de guaches de plumagem preta e amarela, nos quais esses curiosos pássaros continuamente estavam entrando, ou saindo deles.
O encanto da paisagem ainda mais se realça pelo rio, todo cheio de curvas, ora para um lado, ora para outro, trazendo sempre à vista uma constante mutação de cenários". Alfred Russel Wallace (1823-1913). Viagens pelos rios Amazonas e Negro. 1979. p. 112-113.
Araras
Arte de Paul Roberts Breathtaking.
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Lindo!💐
ResponderExcluirAgradeço sua visita ao Blog. Um abraço!
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