Floresta de igapó
"O trecho da floresta, que estávamos atravessando, era um igapó, mas os pontos mais elevados do terreno só eram inundados por uma camada de poucos centímetros de água na época das chuvas. Esse trecho era composto por uma assombrosa diversidade de belas e majestosas árvores, nas quais uma infinita variedade de trepadeiras lenhosas e grossas se enroscavam e formavam caracóis e anéis, guirlandas e festões, tranças e franjas. A palmeira mais comum era a imponente Astrocaryum jauari, cujos espinhos, caídos no chão, nos obrigavam a ter o máximo cuidado ao pisar, pois estávamos todos descalços. A vegetação rasteira era rala, exceto nos trechos onde havia bambuais, os quais formavam impenetráveis moitas de plumosa folhagem e agressivas hastes cheias de nós, o que sempre nos levava a fazer uma volta para evitá-las. O chão se apresentava inteiramente atulhado de frutas podres, vagens gigantescas, folhas, ramos e troncos de árvores, dando a impressão de ser ao mesmo tempo o cemitério e o berço do grande mundo vegetal que se expandia lá no alto. Algumas árvores eram de uma altura fenomenal. Vimos vários espécimes da moratinga, com seus troncos cilíndricos - cuja circunferência nem ouso calcular - elevando-se a alturas vertiginosas e se perdendo no meio das copas das árvores mais baixas. Outra árvore grande e digna de nota era o açacu [...]. Qualquer viajante no Amazonas, ao conversar com o povo da região, acabará por ouvir falar nas venenosas propriedades do leite dessa árvores. Quando retalhado a faca, o seu tronco exsuda uma seiva leitosa que não só é fatal se for ingerida, como causa também feridas incuráveis quando simplesmente borrifada na pele. Meus companheiros sempre passavam o mais longe possível do açacu, quando o encontravam. A árvore é suficientemente feia para fazer jus à sua má fama; seu tronco tem um tom verde-oliva sujo e eivado de espinhos curtos e pontiagudos, de mortífero aspecto". Henry Walter Bates (1825-1892). Um naturalista no Rio Amazonas. 1979. p. 249.
Açacu. Hura crepitans. Trew, C. J, Ehret, G. D. Plantae selectae. v 4, t. 34. 1754. www.plantillustrations.org |
Está tudo muito lindo, como demorei a lhe encontrar ☆☆
ResponderExcluirOlá Rosangela, boa noite! Obrigada pela visita no Blog. Abraços!
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