O clima na Amazônia


"[...]. A aproximação das nuvens de chuva se fazia de uma maneira sempre uniforme e muito interessante de se observar. Primeiramente, a fresca brisa marinha, que começava a soprar por volta das 10 horas e se ia tornando mais forte à medida que aumentava o calor do sol, diminuía de intensidade e finalmente cessava. O calor e a tensão elétrica da atmosfera tornavam-se então insuportáveis. O torpor e o desconforto se apossavam de todo mundo, e até mesmo os animais da floresta demonstravam seu mal-estar. Nuvens brancas começavam então a aparecer no leste, formando cúmulos que se iam tornando cada vez mais negros na sua parte inferior. O horizonte inteiro para os lados do leste, escurecia repentinamente, e esse negror ia subindo e se espalhando pelo céu até encobrir finalmente o sol. Ouvia-se então o rumor de uma forte ventania varrendo a floresta e agitando o topo das árvores. O vívido clarão de um relâmpago cortava o céu, seguido do estrondo do trovão, e a chuva desabava em torrentes. Essas tempestades são de curta duração, deixando apenas algumas nuvens negro-azuladas e imóveis no céu até a noite. Nesse meio tempo tudo se refresca, mas debaixo das árvores veem-se montes de folhas e de pétalas de flores. Com a aproximação da noite tudo se reanima outra vez, e o ressoar dos cantos, silvos e pios brota novamente do meio das árvores e das moitas de arbustos. Na manhã seguinte o sol surge de novo num céu sem nuvens, completando-se o ciclo primavera-verão-outono, por assim dizer, num único dia tropical. Os dias são mais ou menos assim durante o ano inteiro, nessa região. [...]. Henry Walter Bates (1825-1892). Um naturalista no rio Amazonas. 1979. p. 33.
 
 
 
A chuva que se aproxima.
Baía do Guajará - Belém-Pará-Brasil
Fotografia de Juliana Resque Campos - 2016


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