Os Beija-flores


"Muito se tem escrito e noticiado sobre este assunto. Mas no entanto eu prefiro, ao descreve-lo, guiar-me pelas minhas próprias impressões.
Cedo começa a ocupação diária desses pequenos cavaleiros "sans peur et sans reproche". São dos primeiros a despertar. Ainda o sol não nasceu, já o estão esperando pousados em um galho fino, elevado no meio da vegetação, de onde goteja o orvalho da noite à margem de um ribeiro, à beira de uma floresta. Mal o astro do dia começa a lançar uma fisga de luz no vapor d´água em forma de fumaça, voam-lhe alegremente ao encontro dessas avezinhas, zumbindo e como que em folguedos, conservando-se muitas vezes durante  minutos em um mesmo ponto do espaço. Parece que lhes causa sensação agradável e salutar o sorverem esses primeiros raios matutinos pela sua plumagem, a qual cintila tanto como vimos nas várias espécies, no que há de mais esplêndido no mundo das cores. Voltam várias vezes ao pouso predileto para descansarem um pouco e cuidarem da toilette da manhã. De repente porém somem-se - já é completamente dia. Admiramos esta mudança brusca, mas nestas avezinhas todas as deliberações são inspirações rápidas, incalculáveis, que com velocidade pasmosa são traduzidas em atos. [...]". Emílio A. Goeldi (1859-1917). Os Beija-flores. Chácara e Quintaes, v. 52, n. 3, p. 341-342.
 
 
Beija-flor-de-topete. 
William Swainson. A selection of the birds of Brazil and Mexico. 1841.


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