A ruidosa festa das asas
"Com esse povoamento interno das lagunas começa a ruidosa festa das asas.
Os possantes jaburus alvinegros de voo lento e pesado, aterram vagarosamente. O fresco aspecto das águas transmite-lhes deliciosos estremecimentos de frio. Abrem os triângulos das asas poderosas, riçam a seda da volumosa plumagem e iniciam, com elegante altivez, a cauta e meticulosa pescaria. Antes, porém, da caça aos languidos gasterópodos, elevam o orgulhoso colo, examinando se pelas cercanias não existe algum inimigo, agachado por detrás das moitas da crescida canarana.
Chegam depois os primeiros bandos das bravas marrecas. Tracejam no ar os longos volteios das manobras inspecionadoras e baixam, pressurosas, sobre os rasos alagadiços. Sempre receosas vigilantes, aos primeiros rebates do convencionado alarma, irrompem em revoada alistridente, enfileirando-se aos pares, enchendo o espaço com a sua azoinadora e assustada gritaria. [...]". Alfredo Ladislau. Terra imatura. 2. ed. 1925, p. 37-38.
Jaburu, Maguari e Cabeça-seca. Augusto Ruschi. Aves do Brasil. v. 2, 1986. Ilustrações de Etienne e Yvone Demonte |
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