Literatura: A Palmeira
A Palmeira
A palmeira Jauari,
mais altaneira que alta,
a solidão prefere
da várzea do Jarauá.
A quem a longa leveza
do seu talhe comove,
a palmeira moça estende
a graça da elegância
que me estremece inteiro
o gosto de estar vivo.
Do vento ela entende
as sílabas e os silêncios:
sílabas do canto
que as palmas aprendem,
silêncios do espanto
de saber que segregam
sua futura fúria.
Nos dedos longos do ar
me chega o seu cheiro
de palmeira moça.
Para tê-la de perto
(me leva uma estrela)
atravesso o fulgor
do pleno meio-dia
sobre o verde da infância.
Toda a floresta vibra.
Na sombra exígua
da moça palmeira
me deito inconsútil
serena alegria.
Thiago de Mello
In: MELLO, Thiago. Mamirauá. Tefé (AM): Sociedade Civil Mamirauá, 2002.
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