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Mostrando postagens de setembro, 2014

Viajantes: A vegetação aquática.

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"Quando saímos da floresta, entramos na imensidão do lago. Mas temos de passar ainda sobre os tapetes das canaranas, ou seguir canais serpenteantes, antes de chegarmos às bacias onde navegaremos sem obstáculos. Sentimos o alívio de quem se livrasse de um túmulo. Respiramos com delícia o ar puro da madrugada, ainda não permitindo devassar todo o magnífico cenário. Mas sob o equador, a transição das trevas para a luz e vice-versa, é tão rápida, que deixa pasmos as ádvenas de altas ou baixas latitudes. Está ainda escuro. Mas como se fora em um cenário de teatro, vai clareando com rapidez. Os objetos mais próximos, vão ficando nítidos, os mais distantes vão se destacando, delineando-se, os contornos tomando relevo, surgindo límpidas as cores. E quando damos fé, já é dia. O sol espia vermelho como uma boca de fornalha, permitindo-nos entretanto encara-lo, velado pela imperceptível umidade que satura a atmosfera. A paisagem é grandiosa. Há imensas superfícies livres de vegetação, ...

Viajantes: A vegetação que cobre os troncos!

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"[...]. Há ainda outra vegetação que cobre os troncos com suas folhas densas e flores amarelas, brancas ou de um vermelho resplandecente, que tanto embelezam as velhas árvores. Esta vegetação é constituída por espécies das famílias das Aráceas, Bromeliáceas e Orquidáceas. O próprio chão é coberto de espessa camada de ervas e de uma enorme variedade de pequenas plantas, que mergulham suas raízes no humo fértil da mata, formado de tantos restos de plantas em decomposição. O encanto dessa selva imersa em eterna quietude é ainda aumentado pelo vivo brilho das Heliconias purpúreas e douradas, que gostam de reunir-se junto das águas cristalinas brotadas na escuridão da mata". Dr. Hermann Burmeister (1807-1892). Viagem ao Brasil . 1952, p. 60.       Orquídeas e epífitas brasileiras. Marianne North (1830-1890). www.kew.org . 

Viajantes: Paxiúba, uma das palmeiras mais bonitas da Amazônia!

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"Depois do almoço, mostrei desejo de conhecer melhor o riacho, e em vista disso um velho muito cortês e animado, que supus ser um dos vizinhos, ofereceu-se para me servir de guia. Embarcamos numa pequena montaria e percorremos um trecho de uns cinco ou seis quilômetros do riacho, para cima e para baixo. Embora a essa altura eu já estivesse acostumado com a exuberância da vegetação, não pude deixar de ficar maravilhado ao observar aquela região. O riacho tinha cerca de 100 metros de largura, com alguns trechos mais estreitos. Ambas as margens estavam ocultas por trás de altos paredões de verdura, que mostravam aqui e ali uma brecha por onde se podia entrever, sob os arcos formados pelas copas das árvores, as choupanas cobertas de palha dos moradores da região. Dos galhos das altas árvores, que se curvavam por sobre o riacho e às vezes chegavam  até o meio dele, pendiam guirlandas e festões; uma imensa variedade de trepadeiras orlava a beira da água, algumas delas, especialmen...

Viajantes: A floresta tropical e suas flores.

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"Agora, uma palavra sobre as flores. Pudesse um naturalista reproduzir numa pujante descrição toda a alegria das flores, borboletas e aves que tivesse encontrado na bacia amazônica durante um ano de excursões, e sem dúvida iria produzir um trabalho extremamente fascinante. Por outro lado, iria iludir seus leitores, levando-os a crer que mesmo a décima parte dessas belezas pudesse ser contemplada de um só golpe de vista, ou que fosse em visões sucessivas, no espaço de tempo de um dia. Depende muito de se estar num determinado local no exato momento em que ao menos parte delas estivesse prestes a atingir seu máximo estágio de perfeição e que elas aí ocorressem em profusão. Ademais, o efeito nem sempre é o mesmo, uma vez que depende do gosto pessoal do observador. Para o naturalista, o mero fato de se tratar de algo novo e estranho por si só o reveste de uma beleza particular independente de considerações estéticas. No meu caso pessoal, confesso que, embora seja um admirador apaixo...

Viajantes: Os colibris nos recantos sombrios e solitários!

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"[...]. O ar estava deliciosamente fresco e fragrante,  e as gotas de orvalho brilhavam ainda sobre as grandes liláceas que cobriam de sua sombra a água clara dos riachos. Sentei-me sobre um bloco de granito e desfrutei alguns instantes vendo passar a voar perto de mim um sem número de insetos e pássaros. Os colibris parecem gostar imensamente destes recantos sombrios e solitários. Sempre que via uma dessas criaturinhas sussurrar em torno de uma flor, escondendo as asas no célebre adejar, lembrava-me da mariposa esfinge, cujos hábitos e movimentos são em muitos aspectos realmente semelhantes". Charles Darwin (1809-1882). Viagem de um naturalista ao redor do mundo . s.d., p. 42-43.       Pintura de  Martin Johnson Heade  (1819-1904).  Tutt'Art@ 

Belém do Grão Pará: Avenida Independência

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"Belém é, dentre quase todas as cidades do Brasil, a que mais favoráveis condições reúne para possuir formosas avenidas. Plana de terreno, a nossa capital conta em volta de si, entre o limite do perímetro urbano e os subúrbios, uma zona muito bonita, trilhada de longas, retas e amplas vias públicas. São as antigas estradas, hoje denominadas avenidas, por disposição da Lei no. 261, de 16 de junho de 1900 e as inúmeras travessas perpendiculares que as cortam. [...]. A Avenida Independência atravessa da praça Justo Chermont, antigo largo de Nazareth, à praça Floriano Peixoto (S. Braz) e por ela se faz a comunicação da cidade para o Marco da Légua. Tem de comprimento de 1.248 metros, variando a sua largura de 22 a 27 metros. Pela Resolução número 37, de 21 de setembro de 1898, o poder legislativo autorizou o Intendente Antônio José de Lemos alargar esta avenida com um acréscimo de 7 metros, apenas para o lado direito, após as necessárias desapropriações". Antônio José de Le...

Viajantes: A soberba bananeira!

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"[...]. A soberba bananeira ( Musa paradisíaca ), a qual, conforme diziam todos os livros a respeito, constituía um dos maiores encantos da vegetação tropical, crescia ali com grande viço, suas verdes e luzidias folhas de doze pés de comprimento debruçando-se sobre o telhado das varandas, nos fundos de todas as casas. O formato de suas folhas, os variados matizes de verde que eles exibem quando levemente agitadas pela brisa e principalmente o contraste que sua forma e cores apresentam, comparadas às tonalidades mais sombrias e aos contornos mais arredondados das outras árvores, bastam para justificar o encanto que tem essa maravilhosa planta. [...]". Henry Walter Bates (1825-1892). Um naturalista no rio Amazonas . 1979, p. 13.     Bananeira Ilustração de J. Th. Descourtilz 

Viajantes: Jardins em miniatura!

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"[...]. Quanto à navegação gozei aqui pela primeira vez um espetáculo que só se pode ter nas cachoeiras e mesmo aqui só no princípio da vazante; todas as pedras desta cachoeira estavam cobertas de verdadeiras almofadas de Podostemaceae. O desenvolvimento destas plantas minúsculas e graciosas podia ser estudado aqui em todas as suas fases, do primeiro véu ligeiro e esverdeado que se mostra nas pedras ainda completamente submersas, até as camadas espessas e luxuriantes da folhagem plenamente desenvolvida à flor d´água, até  as milhares e milhares de florzinhas que elevam suas mimosas corolas brancas em galhinhos transparentes de cor de rosa nos lugares apenas abandonados pelas águas e até os restos quase invisíveis formados pelas plantas dissecadas que se encontram nas partes mais altas do pedral. Quem passa algumas semanas mais tarde pelo mesmo lugar não vê mais vestígio nenhum destes jardins em miniatura, cuja graça ainda é exaltada pelo contraste do deserto de pedras e água...

Viajantes: O Abacate como o alimento preferido dos felinos selvagens!

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"Muitos mamíferos percorrem longas distâncias em busca de alimento. No caso dos que andam em grupos, como as queixadas e certos tipos de macacos, esses frequentam determinados viveiros naturais bem conhecidos, nas épocas do ano em que esse ou aquele tipo de fruta amadurece e cai, de maneira que o experiente caçador nativo sabe nessas épocas para onde se dirigir a fim de caçá-los. É bem conhecida a atração dos animais pelo abacate, o fruto da Persea gratíssima , uma frondosa Laurácea. Já vi gatos que preferiam essa fruta a qualquer outro alimento, e os felinos selvagens, segundo se diz, sentem por ela uma atração irresistível. Um índio me contou que, na floresta situada entre o Uapés e o Japurá, ele certa vez deparou com quatro onças sob um abacateiro, devorando sofregamente os frutos caídos no chão, enquanto ronronavam satisfeitamente. Colhi as flores de pelo menos quatro espécies de Persea, mas nunca tive a sorte de encontrar uma que estivesse com frutos maduros, de maneira qu...

Viajantes: Samambaias que aspiram às alturas!

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  "O igarapé mais lindo de Alcobaça [Tucuruí], em termos de paisagem, talvez fosse o primeiro, no trecho ao longo do qual o encantamento estava instalado. Ele segue através de um desfiladeiro bem estreito, que oferece espaço suficiente para a vegetação poder ostentar mesmo ali seu esplendor supremo. Do lado do caminho, logicamente, foi necessário abrir espaço para o encanamento, que conduz até a altura de 20m mais ou menos pela encosta do morro. Árvores foram derrubadas e o barranco desbastado, onde agora seus restos, há tempos novamente cobertos de verde, porém ainda estendendo raízes e ramos ressecados em direção ao céu, compõem um primeiro plano pitoresco e selvagem, enquanto a vista agora pode estender-se para todos os lados, na beleza da floresta situada defronte, e mergulhar na profundeza onde a água aparece em alguns pontos cintilando rugindo e esbravejando, samambaias aspiram às alturas, cipós enormes se entrelaçam por sobre o riacho, formando pontes aéreas para os ...

Viajantes: Ananás

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"Devo ainda mencionar o ananás, fruta muito cultivada no Brasil. O solo arenoso e os declives batidos pelo sol são-lhes propícios, motivo pelo qual o brasileiro costuma usar esta planta em cercas vivas nos jardins e também porque a maioria dos animais não gosta de passar por cima da trama formada pelas suas folhas duras, espinhosas e entrelaçadas. A fruta é maior que a de nossos jardins de inverno, mas menos saborosas e mais seca. [...]". Dr. Hermann Burmeister (1807-1892). Viagem ao Brasil . 1952, p. 50.     Abacaxi. Ananas comosus . Maria Sybilla Merian (1647-1717). Insects of Surinam. 

Vocabulário amazônico: Igapó

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IGAPÓ -  Floresta alagada. Charco onde vegeta a mata aquática. Lagos de água escura e transparente recoberto de selva. Em geral não se vê um raio de sol no igapó. Tudo por cima é galho e folhagem. A abóboda é verde. Os grandes troncos de árvores mergulham na linfa cristalina, porém negra. (Raimundo Morais (1872-1941). O meu dicionário de cousas da Amazônia . 2013).  ETIMOLOGIA :  Segundo  o Dr. Jacques Huber "o termo Igapó significa: mata cheia de água. [...]. Com o nome de Igapó, o indígena designa antes uma mata onde a água fica estagnada ou retida durante muito tempo, isto é, os trechos da mata com drenagem insuficiente. [...]". LITERATURA: "As árvores do Igapó recrutam-se em parte da mata geral das várzeas e neste caso  elas ficam mais baixas e ramificadas em altura menor; mas em geral a composição da mata muda completamente, desde que chegamos num igapó. [...]. Os cipós são relativamente raros no igapó, e as plantas trepadeiras por meio de raíze...