Reflexões: A Explicação


Tendo recobrado o bom humor, Elizabeth quis que Darcy explicasse por que se apaixonara por ela.
-Como isso começou? - perguntou. - Posso compreender como teria evoluído, depois de você ter dado um passo inicial. Mas o que poderia tê-lo inspirado, em primeiro lugar?
-Não posso precisar a hora, o local, ou o olhar, ou as palavras, que criaram a base. Faz muito tempo. Eu já estava no meio antes mesmo de saber que havia começado.
-À minha beleza você logo se opôs, e quanto às minhas maneiras...meu comportamento com você sempre beirou a incivilidade e eu nunca falei com você sem que minha primeira intenção fosse atormentá-lo. Agora, seja sincero; você me admirava por minha impertinência?
-Pela vivacidade de sua mente, sim.
-Pode chamar logo de impertinência. Não foi muito menos do que isso. O fato é que você estava cansado de civilidade, deferência, atenção formal. Estava desgostoso com as mulheres que sempre falavam, procuravam e pensavam apenas em sua aprovação. Eu o excitei e interessei pelo fato de ser tão diferente delas. Se você não tivesse uma natureza afável, teria me odiado por isso; mas, apesar de todo o esforço que fez para dissimular, seus sentimentos sempre foram nobres e justos; e, em seu coração, você desprezava totalmente as pessoas que com tanta assiduidade o cortejavam. Pronto, poupei-lhe o trabalho de explicar; e de fato, pensando bem, começo a achar que isso é perfeitamente razoável. Na verdade, você não conhece nada realmente bom pra mim. Mas ninguém pensa nisso quando se apaixona.
 
Jane Austen (1775-1817)
Orgulho e Preconceito
 
 
Orgulho e Preconceito
 
 
 
 
Jane Austen (1775-1817)
 
 
 
 
 

 
 

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