Viajantes: Uma sublime paisagem!



"Procuramos um pouso, tomei uma ponta solitária de praia, a que se prolongava entre a torrente vinda do lago e o rebojo do rio, e, aí sentado, pus-me a refletir em muitas coisas, umas sobrevindo às outras e tantas que, se as fora escrever, faria um livro.
Enquanto assim pensava, despontou a lua, e eu não poderei nunca descrever, nem ao menos de longe, a beleza melancólica de toda aquela paisagem, tão deserta, tão grandiosa, e ao mesmo tempo tão serena e tão calma, em tão absoluto silêncio, que se ouviam as pancadas do coração. Aquele leito imenso do rio, o lago, a orla de florestas negras que se estendiam em arco, à minha esquerda; aquele refletir da lua nas águas e na areia branca eram de uma beleza tão melancólica, que, ao mesmo tempo que eu me extasiava contemplando tanta grandeza, meu coração se apertava, como se eu estivesse sob a pressão de uma dor pungente. [...]. Sondei as praias, o lago e aquela parte d o rio, e fi-lo com tristeza, porque me parecia que uma voz me dizia dentro da alma que eu via pela última vez aquela paisagem sublime, que me havia arrebatado, e ante a qual o tempo correra sem que eu sentisse". Couto de Magalhães (1837-1898). Viagem ao Araguaia. 1975, p. 143.
 
 
 
 
Ilustração de C. Fr. von Martius (1794-1868)
Historia Naturalis Palmarum (1823-1850)


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