Infinitas mudanças de arranjos florestais

         Olhando de cima para essas florestas, e outras similares nas províncias adjacentes, elas nos parecem todas iguais, porém cada seção delas quando examinada de perto, é diferente de sua vizinha. Há miríades de árvores, arbustos, videiras e palmeiras, fetos, parasitas e orquídeas, cuja quantidade e variedade produzem infinitas mudanças de arranjos e consequentemente, a descrição mais minunciosamente detalhada de um atalho ou do interior de qualquer parte da floresta, variava totalmente de outra a doze jardas de distância. Todavia, observando-se da altura o conjunto completo, vê-se uma quantidade e variedade de árvores que, por sua cor conspícua de folha, ou flor, ou pela forma, absorvem os detalhes menos distintos; por exemplo, a esguia e alta imbaúba de tronco oco, com suas grandes folhas peltadas, verde-claras por cima e branco-prata na parte de baixo, é um dos aspectos mais salientes, especialmente quando a brisa agita suas folhas em lampejos de verde e prata; depois há as grandes massas de cor púrpura, e das flores douradas, do pau-d`arco ou ipê, as altas emplumadas copas do palmito comestível e outras palmeiras; as folhas escuras, pequenas, duplas, à maneira de penas e as flores amarelas do jacarandá, e das folhas quase negras de certas árvores, altas e umbrosas; e contra o fundo verde-escuro, destacam-se os milhares de troncos brancos, cinza, azuis, marrons, vermelhos e amarelos de todo tipo de árvores. Todos estes são objetos proeminentes que fixam a atenção acima dos vizinhos que as cercam, imensos em variedades e forma, todavia, a distância, formando uma massa homogênea de verdura. Acima de tudo está o éter azul, e o fundo branco das nuvens, com talvez um urubu-campeiro descrevendo majestosamente círculos concêntricos no ar, ou talvez um gavião que grita enquanto alça voo no espaço. [...].

WELLS, James W. Explorando e viajando três mil milhas através do Brasil: do Rio de Janeiro ao Maranhão. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, Centro de Estudos Históricos e Culturais, 1995. v. 1, p. 80-81.


Tabebuia heterophylla.
Sessé, M.; Cervantes, V.; Mociño, M. Drawings from the Spanish Royal Expedition to New Spain (1787-1803). t. 87.
www.plantillustrations.org.


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