A palmeira jacitara e sua trama defensora



"[...]. Pelas margens desertas, onde árvores e arbustos lançavam recortes bizarros de sombras, erguiam-se fustes lisos de pau-mulato, caules delgados de araçaranas, hastes alvacentas de embaúbas, colunas cinzentas de palmeiras inumeráveis rompendo a ramaria; e por toda parte, desde o alto das comas aos ramúsculos das ervas, os cipós distendiam a cordoalha retorcida constringindo estirpes rudes, rastejando na terra, suspensos em curva largas, pendentes como varais, às vezes grossos como punhos de homens, às vezes semelhando filamentos, ainda tenros, frágeis, quebradiços procurando pontos de apoio. 
Todos eles, - o cipó-tuyra, o camaleão, o espera-aí, o unha-de-gato, a jacitara, tantos outros desse gênero incalculável de sarmentosas, crivados de acúleos ou cortantes como gumes afiados, formavam uma bárbara trama defensora, cingindo, envolvendo toda a floresta. [...]". Aurélio Pinheiro (1882-1938). À margem do Amazonas. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1937. p. 121. (Biblioteca Pedagógica Brasileira. Série 5a. Brasiliana, v. 86).



Desmoncus orthacanthos.
J. Barbosa Rodrigues. Sertum palmarum brasiliensium, v. 2, t. 54, 1903.
www.plantillustrations.org


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