Pela primeira vez na Floresta Amazônica


"Não sou capaz de exprimir as minhas sensações durante o percurso de quase um quilômetro, até o ponto onde estava a canoa.
Imaginem-se os amigos, pela primeira vez em floresta amazônica, trilhando uma picada coleante, em plena escuridão, atrás do guia portador de uma lamparina fumarenta, galgando velhos troncos caídos passando rente de árvores de diâmetros desmesurados subindo para as alturas, e confundindo-se no teto sombrio das copas que quase não deixam filtrar a luz do dia, por certo a essa hora, clareando a imensidão do lago.
E os ruídos da mata?!... São fantasmagóricos. Aos nossos pés e nos galhos pelos quais passa rente nosso rosto, coaxam as rãs perereca no seu característico estalido metálico. Bandos de araquãs nos mandam lá do alto, bem por sobre nossas cabeças, o coro sonoro de seus gritos onomatopaicos, em resposta ao outro bando muito longe, gritos que dizem claramente destacando as sílabas, quase como vozes humanas: Araquã... Ara-quã... quã... quã... Ara-quã... Distante, soa o eco soturno dos guaribas, os nossos bugios. Bem perto, uma sururina, solta o seu trilado doce, triste e infindável.
Bandos de papagaios, tiribas, baitacas, araguaris, araçaris e araras, passeiam barulhentos nas alturas. [...]". Francisco de Barros Junior. Caçando e pescando por todo o Brasil. [195-?]. p. 164-165.


Jacu-Aracuã-Inhambús diversos-Sururina-Urú-Capoeira
Álbum de Aves amazônicas 1900-1906.
Desenho de Ernst Lohse (1873-1930)
www.biodiversitylibrary.org

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