Uma viagem pelo Solimões
"Quando acordei na manhã seguinte, avançávamos ao longo da margem esquerda do Solimões com a ajuda da espia. A estação da chuvas se implantara na região banhada pelo grande rio; os bancos de areia e todas as terras baixas já se achavam alagadas, e a forte correnteza, de três ou quatro quilômetros de largura, passava levando uma infindável série de árvores arrancadas e de ilhas flutuantes. As perspectivas eram melancólicas; não se ouvia outro som a não ser o surdo murmúrio das águas; as margens ao longo das quais viajávamos o dia todo mostravam-se atravancadas de árvores caídas, algumas delas com a ramagem flutuando tremulamente na correnteza ao redor de pequenas pontas de terra. As mutucas - uma velha praga já nossa conhecida - começavam a nos atormentar tão logo o sol esquentava pela manhã. Garças brancas podiam ser vistas em profusão à beira da água, e em alguns lugares bandos de beija-flores zumbiam ao redor das flores. O desolado aspecto da paisagem tornava-se ainda mais acentuado quando o sol se punha e a lua surgia envolta em bruma". Henry Walter Bates (1825-1892). Um naturalista no rio Amazonas. 1979, p. 192.
Garça (Egretta thula). John J. Audubon (1785-1851) |
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