O Horto Botânico do Museu Paraense
Foi em junho que aportou o Dr. Jacques Huber, chefe da seção botânica e
só depois de prévia instalação dele é que se pôde iniciar o serviço relativo a
este anexo. Entretanto, há sempre um cometimento mais saliente a mencionar: a
construção de um lago artificial, bastante grande, aterrado sobre o nível do
jardim e destinado a receber, ao lado de outros vegetais aquáticos,
principalmente a fenomenal Victória régia, planta amazônica admirável, única
mesmo pelas dimensões das suas folhas e o tamanho das suas flores, que igualam
em diâmetro uma roda de carroça.
Deu-se a este lago a forma de Mar Negro, na Rússia meridional, havendo
necessidade de escolher uma forma que oferecesse largura e espaço suficiente.
Empatando o constante trânsito de carroças com materiais para o dito
lago o espaço, que desde o princípio ficou destinado para o Horto Botânico,
isto é, a metade oriental dos terrenos da frente, somente agora chegou o
momento e a ocasião de elaborar-se um plano para mais canteiros novos e uma
definitiva jardinagem.
Se a estação chuvosa não nos contrapor um veto, esperamos que nos
próximos meses haverá também bastantes inovações e melhoramentos a encontrar
neste futuroso anexo, que agora está nas condições de receber vegetais notáveis
da flora amazônica e que se recomenda à mesma benévola simpatia do público, de
que goza o anexo-irmão. Trouxemos bastantes mudas e sementes de plantas
interessantes de nossa recente expedição à Guiana Brasileira e encetamos umas
tentativas para obtermos plantas ornamentais e medicinais da flora indígena, à
qual, de certo, não faltam elementos que estejam nas condições.
O meu colega, chefe da seção botânica, lamenta, entretanto as parcas
dimensões do anexo e deseja intensamente o alargamento futuro. Alega que, por
exemplo, uma coleção de palmeiras amazônicas, por si só já precisaria de mais
espaço, que o total hoje disponível para o horto. Para onde ir com os
sortimentos de plantas de outras famílias?
Realmente revela-se logo aos olhos do visitante, que este anexo acha-se
em condições de espaço insuficientes: Se há uma seção do Museu, onde o
alargamento, mediante aquisição dos terrenos adjacentes é de palpitante
necessidade, certamente é o Horto Botânico, que se acha neste caso.
Dr. Emílio A. Goeldi (1859-1917)
Trecho do Relatório de 1895 apresentado pelo Director do
Museu Paraense ao Sr. Dr. Lauro Sodré Governador do Estado do Pará.
Boletim do Museu
Paraense de Historia Natural e Ethnographia, Belém, t. 2, p.
10-11, 1898.
Parque Zoobotânico do Museu Paraense em 1900. Fotografia: Arquivo Guilherme de La Penha - MPEG |
Parque Zoobotânico do Museu Paraense - Lago das Victorias-Régias e Castelinho em 1902. Fotografia: Arquivo Guilherme de La Penha-MPEG |
É sempre muito muito vir aqui, prezada Olímpia. Um abraço, Maria Tereza.
ResponderExcluirObrigada Maria Tereza pela visita ao meu blog. Abraços, Olímpia
ResponderExcluir