Aventuras de um desenhista francês na Amazônia

         Acompanhava de longe os companheiros e, quando a água não me chegava ao pescoço, erguia os braços e fazia vagarosamente um esboço, lamentando não viesse atrás de mim um colega de pintura para apanhar minha figura, assim metido n´água, com a roupa e a espingarda penduradas às costas, e de braços no ar a desenhar. Seria muito pitoresco. Não me detinha a desenhar aspectos já familiares, mas ao transpor um trecho bosqueado de bambus e enfeitado de trepadeiras quando divisava as orquídeas a se balançarem como os lustres de uma catedral, sem quase se distinguir os delgados cipós que as substituem, não podia deixar de deter os passos e desenhar; realizava apenas um croqui numa proporção relativa de cada margem, porque os braços elevados depressa se fatigavam e tinha de deixar o trabalho mal iniciado.

FONTE:

BIARD, Auguste François. Dois anos no Brasil. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2004. p. 93-94. (Edições do Senado Federal, Conselho Editorial, 13). 


Orquídea
Catasetum fimbriatum.
Margaret Mee (1909-1988). Flores da Floresta Amazônica. 2010.


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