A cena da vida animal que ora se apresenta aos nossos olhares é tão grandiosa e imponente que todos permanecemos estupefatos, retendo a respiração, cada um perguntando a si mesmo se o que vê é real ou não será uma "fata morgana" e deslumbramento de algum sonho. [...]
O que ali está em aves do brejo e aquáticas, palmípedes e pernaltas, acumuladas em um espaço relativamente pequeno; tudo o que está ali se enlameando, chapinhando, esgaravatando, bicando, mergulhando, nadando, voando, piando, grasnando, gritando, tudo ao mesmo tempo, num fervet opus incrível, desafia qualquer descrição: diante de tais quantidades é impossível contar o dificílimo, mesmo avaliar e todos os recursos da linguagem não são bastante expressivos e brilhantes para dar uma ideia do barulho, da confusão que ali reina.
Algum êxito teria talvez, no que toca à vista, o pincel de um privilegiado pintor de animais, para o qual cada pequeno trecho de paisagem diante de nós formaria um grato assunto para uma tela de real valor.
FONTE:
Goeldi, Emílio A. Maravilhas da Natureza na Ilha de Marajó (Rio Amazonas). Boletim do Museu Paraense de Historia Natural e Ethnographia (Museu Goeldi), Belém, t. 3, fasc. 1-4, p. 389-390, 1902.
Aves na Amazônia Álbum de Aves Amazônicas 1900-1906. Desenho de Ernst Lohse (1873-1930) |
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