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Mostrando postagens de novembro, 2021

Uma deslumbrante visão

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          [...]. Uma das mais deslumbrantes visões que tive foi a ostentada por uma Bignoniacea que se destacava no meio de uma clareira resultante do corte de algumas árvores da floresta. Embora serrada perto da base, ela não tinha caído, ficando suspensa entre duas árvores mais altas, sustentada por cipós. As duas árvores que a sustentavam estavam separadas umas 40 jardas [36, 5 m] entre si, e os cipós que seguravam a Bignoniaceae formavam uma graciosa corrente toda enfeitada com flores cor-de-rosa semelhantes às da dedaleira, sendo esse arranjo floral complementado por grandes folhas geminadas de coloração verde-escura puxada a púrpura.  FONTE: SPRUCE, Richard. Notas de um botânico na Amazônia . Belo Horizonte: Itatiaia, 2006. p. 55. Bignonia binata. The Garden . 1886.  www.plantillustrations.org

As grandes borboletas azuis

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          [.. .]. Na manhã seguinte, prosseguimos pelo igarapé acima até que deixamos para trás a última casa. Daí em diante seria  a selvagem, indomada e desabitada floresta virgem. O igarapé era estreito e meândrico. Sua correnteza era muito forte, especialmente nas curvas. O leito estava em muitos pontos obstruído por árvores e arbustos caídos. Como as galharias das árvores quase se encontravam por cima das águas, todo o igarapé parecia sombrio e silencioso a mais não poder.         Num ambiente assim tão lúgubre, só muito raramente avistávamos alguma flor. Víamos ocasionalmente, adejando sobre as águas ou pousadas numa folha, as grandes borboletas do gênero Morphos . De vez em quando passava por nós, voando velozmente, um numeroso bando de arirambas-verdes. FONTE: WALLACE, Alfred Russel. Viagens pelos rios Amazonas e  Negro . Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo, 1979. p. 87. (Reconquista do Brasil, v. 50).  Borboleta do gênero  Morpho Ilustração d

Multidões de garças

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               [...]. Já de longe avistamos multidões de  garças de toda a espécie nas extremidades dos galhos por cima das largas copas das árvores, e quanto mais perto chegamos, maior número vemos de ninhos chatos, grandes como rodas de carros, e que aparecem como manchas escuras por entre a ramagem rala do mato.                  Em cada árvore contamos dúzia deles.         O barulho torna-se cada vez mais ensurdecedor: ao penetrar na floresta julga a gente ter caído em um bródio de bruxaria.             Garças brancas, grandes e pequenas, garças morenas, arapapás, maguaris, colhereiros, cauauans, guarás, mergulhões grandes, cararás, tudo ali vive em confusão, na mais variada promiscuidade, ao lado e por cima uns dos outros, na mesma árvore, na qual muitas vezes em uma só há diversas colônias de ninhos de meia dúzia de espécies.      O cacarejar, o bater de bico, fungar, proferido simultaneamente por milhares de gargantas é interminável. E apesar de certos costumes sociais, por exemp

Acampamento noturno na selva tropical

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          A natureza que aqui nos falava com sua total grandeza, imensa e invencível, de repente, majestosamente, nos mandou parar. Estávamos diante de uma massa rochosa que se erguia verticalmente para o alto. Era um único bloco gigantesco, de umas centenas de metros de altura. Já estava anoitecendo.              Descemos e acampamo-nos junto do Tuisíca - Igarapé, que estava rumorejando, no meio da selva tropical. Estávamos sujos e molhados. E também as redes e os cobertores estavam pesados, de tão úmidos que estavam. Muitos mosquitos, grandes e pequenos, e a desagradável mudança da temperatura noturna que sentíamos dentro das nossas coisas molhadas não permitiam repousar melhor.           Estávamos deitados debaixo de um grupo de "paxiúbas-barrigudas", assim denominadas por causa de um engrossamento do tronco, uma certa altura acima do chão. Estas palmeiras não prestam para construção da casa, mas são boas para construir uma canoa, num caso de emergência. De cada palmeira p

Sapopema

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          Erguia-se agora , à margem do "varador", alta gruta de raízes, que uma só árvore lançava. Templo imaginário de povo que inspirasse a sua estética arquitetônica em esquisitos monumentos orientais, oferecia a quem nele se recolhesse postigos inumeráveis, portas de linhas irregulares e salas onde seis homens podiam   estender a toalha e almoçar, ou puxar de cartas para o jogo que ludibriasse a horas em longos dias de chuva!           -É uma sapopema - explicou Firmino, vendo Alberto a observar o raizedo enorme, que se espalmava em lâminas, grossas como paredes, e se retorcia também, decorativamente, em cordame manuelino. -  Se um dia você se perder, bata neste pau, que logo algum seringueiro lhe responde.             Tirando da bainha o seu facão o mulato deu com ele algumas pancadas no monstro vegetal. O som repartiu-se nas galerias interiores e em eco surdo, foi traspassando a selva e alarmando o silêncio por léguas que dir-se-iam sem fim. FONTE: CASTRO, José Maria F

Um encanto de vegetação

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          [...]. Ao amanhecer, ficamos algum tanto afastados de terra para dentro do rio, que se assemelhava ao oceano, por causa dos seus desagradáveis e fortes balanços, o que me obrigou a levantar-me muito lânguido e muito cansado do meu esconso leito.          Cerca das dez horas, alcançamos a boca do igarapé, ou pequeno rio, pelo qual deveríamos entrar e subir. Fiquei, desde logo, muito contente de ter entrado em águas tranquilas.           Paramos para almoçar em um bonito lugar, debaixo de uma linda árvore, onde saboreei uma xícara de café com biscoitos, enquanto os homens se fartavam de peixe e de farinha. [...].           Fiquei deveras encantado ante a beleza da vegetação. Esta ultrapassava tudo que eu até então tinha visto. A cada volta do rio, algo de novo se nos apresentava.           Ora um enorme cedro, que pendia sobre as águas, ora uma enorme árvore de algodão-seda que se destacava, como um gigante, acima da floresta.           Viam-se continuamente as esbeltas palmeir