Uma noite cheia de ruídos

        [...]. Dizem que as anhumas gritam de hora em hora. Pode-se ouvir o som penetrante e repetitivo das cigarras nas árvores próximas. De vez em quando, ouve-se o grito rouco dos jacarés vindo dos aguapés próximos. Barulho maior ainda fazem os Penelope araquãs. Machos e fêmeas gritam, um após o outro, no mesmo tom. Os portugueses contam que o macho diz "Quero casar!" e a fêmea responde "Para o Natal!". [...]. No meio de todos esses sons, ouvem-se nitidamente as numerosas Ardea (socó-boi), as gaivotas e outros pássaros aquáticos, o coaxar dos sapos e rãs. Toda essa barulheira acabou abafando completamente o odioso zumbido dos mosquitos. Eu não estaria faltando com a verdade se dissesse até que ouvi também o esturro da onça enorme que vimos à noite, ao chegarmos na margem direita oposta, e dos milhares de macacos gritadores espalhados por toda parte.
G. Langsdorff

FONTE:
OS DIÁRIOS DE Langsdorff.: Mato Grosso e Amazônia. Campinas: Associação Internacional de Estudos Langsdorff; Rio de Janeiro: Fiocruz, 1997. v. 3, p. 36-37.


Anhumas
Leop. Jos. Fitzinger. Bilder-Atlas zur Wissenschafthich - Popularen naturgeschichte der Vögel in ihren Sämmtlichen hauptformen. 1864.
www.biodiversitylibrary.org


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