Uma revoada de guarás

    [...]. Os "sacaís" ou galhos secos, que se encontram pelo chão e meio submersos à margem dos "igarapés", servem de poleiro às mais variadas aves, as quais completam, com sua linda plumagem, o adorno daquela natureza selvagem e bela.

    Ao perceberem aproximar-se qualquer embarcação, bandos de "ciganas", no seu voo pesado, levantam-se das decorativas "aningas" ribeirinhas e, assustadas, lançam um grito rouco qual um som de clarim desafinado.

    Sua plumagem parda contrasta com a alvura das "garças" e com o vermelho vivo dos "guarás".

    Uma revoada de guarás é belíssima!

   Em formação perfeita de voo, essas aves vencem grandes distâncias.

     Ao voar, estendem o longo pescoço e a curta cauda de modo a formar uma linha reta atravessada perpendicularmente pela linha de suas asas estendidas.

    Forma o pássaro nessa posição uma perfeita cruz, vermelha pelo colorido de suas penas.

    Esse agrupamento de cruzes destaca-se maravilhosamente no azul do céu amazônico como homenagem magnífica ao símbolo da nossa fé.

    Tivemos a oportunidade de contemplar com entusiasmo os voos destes pássaros aquáticos sobre o lago Arari, na ilha de Marajó. 

FONTE:

LA ROQUE, Jorge Pereira de. Viagem ao Amapá. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, p. 295, 1950. 


Ninhal de guarás  
Álbum de aves amazônicas -  1900-1906.
Ilustração de Ernst Lohse (1873-1930)


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