Uma viagem pelos rios da Amazônia
"Na tarde seguinte, chegamos à foz do rio Unini, meia hora após passarmos por Velho Airão, uma antiga colônia na margem sul do rio Negro. Os únicos remadores da cidade abandonada eram três construções do século XVIII, que agora se encontravam em ruínas. No dia seguinte, chegamos às corredeiras do rio Unini. Logo pela manhã chamamos o Raimundo, conhecido como "guardião" das corredeiras, para pilotar nesse trecho que se estendia por alguns quilômetros.
Atracamos em uma floresta muito escura, onde árvores gigantescas estavam astutamente entrelaçadas como colunas góticas. De um dos galhos pendiam espirais de pesadas trepadeiras em forma de cordas. Dentre elas, pendurada em uma copa verde-prateada, saía uma cobra de quase dois metros e praticamente invisível contra o fundo de plantas sinuosas. Acima da serpente circulavam dois papagaios com gritos irados e estridentes, obviamente defendendo sua cria dos saqueadores. Ignorando o drama que estava sendo encenado sobre sua cabeça, um pica-pau batia forte em uma madeira morta, à procura de insetos. Nossa permanência foi encurtada quando marimbondos enfurecidos surgiram de uma árvore caída onde estávamos colhendo uma orquídea".
FONTE:
MEE, Margaret. Flores da floresta amazônica: a arte botânica de Margaret Mee. 2. ed. São Paulo: Escrituras, 2010. p. 116. il.
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