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Mostrando postagens de janeiro, 2020

As maravilhosas combinações que a natureza forma com as palmeiras

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"A natureza forma combinações maravilhosas com as palmeiras. Vimo-las perto dos canais de Breves, onde a floresta resplandece com suas procissões reais. Mas, nas terras firmes há palácios de fadas, onde a sua beleza é mais quieta, talvez, mas tão cálida e terna que nos tornamos familiares com elas, e formamos amizades especiais, da mesma forma como faríamos com as faias, os carvalhos e os olmos. Muitas espécies se congregam perto dos rápidos regatos, pois gostam de ter suas raízes sempre banhadas em água fria, enquanto suas folhas se levantam para o brilho do sol. Há um tal riacho perto de Taperinha - o Igarapé-açú e eu acho que nunca apreciara de fato as possibilidades de um cenário de palmeiras enquanto lá não fui". Herbert Smith (1851-1919). FONTE: PAPAVERO, Nelson; OVERAL, William L. (orgs.). Taperinha : histórico das pesquisas de história natural realizada em uma fazenda da região de Santarém, no Pará, nos séculos XIX e XX. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 2011,

Os frutos da palmeira Miriti

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"[...]. Nada no mundo vegetal poderia ser mais imponente do que essas palmeiras. Não havia nenhuma vegetação rasteira para impedir uma visão de conjunto de todas aquelas majestosas colunas. Seus tufos de folhas, situados a grande altura e muito juntos uns dos outros, encobriam os raios do sol, e a penumbrosa solidão reinante embaixo, onde nossas vozes pareciam reverberar, só podia ser comparada ao interior de um majestoso templo. Os frutos dessas palmeiras estavam espalhados pelo chão; os da ubuçu caíam em pencas de dois ou três e tinham uma casca áspera, de cor castanha; os cocos da Mauritia , pelo contrário eram de uma tonalidade vermelho-vivo, com a casca marcada por fundos sulcos, o que lhes dava uma certa semelhança com uma bola de cricket". BATES, Henry Walter. Um naturalista no rio Amazonas . Belo Horizonte: São Paulo: Edusp, 1979, p. 55. il. (Reconquista do Brasil, v. 53). Fruto do Buriti ou Miriti( Mauritia flexuosa ) Ilustração de Eron Teixeira

Paisagem amazônica

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"[...]. Para se ter uma impressão mais exata do que é a flora amazônica, na variedade dos seus aspectos, na diversidade dos seus elementos, haveremos de examiná-la em vários pontos, mas sempre de perto, subindo rios - rios de água branca e rios de água preta - , varando cachoeiras, entrando por igarapés e paranás-mirins, abicando nas restingas, penetrando nas matas e palmilhando os campos. E é isso o que vamos fazer agora, como se nos servíssemos da mais ligeira canoinha, canoinha que não temesse se atufar entre o matupá dos alagadiços, que sempre achasse caminho entre os paus caídos e a galhaça enrediça dos furos e igapós, que fosse facilmente arrastada por piques e varadouros, quando não se aventurasse mesmo pelo pedral das pancadas e corredeiras. Dessa montaria, já puxada até o enxuto das praias ou apenas amarradas a qualquer tronco na barranca, é que saltaremos em terra para percorrer as ilhas em formação ou já adultas, as matas de várzea ou de terra firme, os charravascai

É o urutau que avisa a chegada da Pororoca

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"[...]. Ondas de grande altura, que variam de acordo com os diferentes trechos do rio, mas que chegam a atingir 12 metros, são formadas pela pororoca, que produz violentíssimo ronco, semelhante ao do trovão, ouvido a muitos quilômetros de distância. Os caboclos pressentem a pororoca, afirmando, mesmo, que o pássaro chamado urutau solta um silvo profundo avisando o perigo. Quando ouvem os primeiros roncos anunciadores do fenômeno procuram imediatamente, sem perda de um minuto, os barrancos elevados, onde ficam à espera de que a coisa passe. Amarram a canoa e esperam. A onda violenta ergue-se; árvores vergam, outras são arrastadas, os animais gritam e fogem espavoridos. A água avança sempre, invade terras, vai destruindo tudo o que se opõe à sua passagem. Horas depois cessa o fenômeno, tudo volta à calma. [...]". MACEDO, Sérgio D. T. O Amazonas : um rio conta histórias. 3. ed. Rio de Janeiro; São Paulo: Record, 1967, p. 89. Urutau ( Nyctibius sp.) ELETRONORTE. B

Árvores decorativas

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"[...]. Igualmente, faz-nos pena não ver florido o Erisma calcaratum , o jabuti ou cachimbo-de-jabuti do caboclo amazonense, tanto os seus frutos, ricos em óleo, lembram mesmo um cachimbo, e que habitando os igapós, aí, entre  as palmas dos miritis, abre as suas magníficas inflorescências violáceas, pintalgadas de azul. Quanto à Gustavia augusta , menos falta nos faz a sua imagem, uma vez que, embora de porte bem mais avantajado (é uma das maiores flores conhecidas), não anda muito afastada em cor e formato da Clusia grandiflora , [...]. Aliás são ambas da família das Gutíferas, embora pertencendo a gêneros diferentes. Com relação às seis últimas árvores citadas na lista de Ducke, quando muito, teríamos ao nosso dispor apenas material de herbário e este, se satisfaz ao botânico para efeitos de classificação, e de todo ineficiente ao pintor, sobretudo quando em trabalho deste gênero, sem prejuízo do acabamento artístico, se tem em mira a verdade científica. E seria lá poss

Palmeiras amazônicas

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"[...]. Aqui, de troncos retos, esbranquiçados, pardos, escuros, manchados; ali, em corcovas, em anéis, em arcos; além, trepando pelo caule das árvores, invocam serpentes monstruosas que tivessem glaucas orelhas de burro. Lisas numa espécie, enrugadas noutra, sem acúleos nesta, espinhentos naquela, amigas da claridade hoje, dadas à penumbra amanhã, as palmeiras amazônicas não somente guardam o sentido da Planície, pelas transformações que sofrem de dia para dia, como pelos deslocamentos que lhes imprimem as correntes fluviais, as marés oceânicas, levando-as dum extremo a outro, transplantando-as, alterando-lhes a estrutura, o colorido, o porte. Além dessa mobilidade proveniente da ação hídrica, força viva e constante no vale, elas varam, pela mão do homem, do seu habitat agreste para os povoados, para os vilórios, para as cidades, e vão numa apoteose peregrina, abrindo os leques nos jardins, nos parques, nas ruas, nas salas, nos templos. É um molde de beleza que se topa em tod

O ninho do Cauré

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"[...]. A lenda faz deste gaviãozinho um ser bafejado pela mais desbragada felicidade. A criatura por excelência feliz. A vida, que é dura e áspera para os seres que habitam esse vale de lágrimas, é para o cauré, que habita o amplo vale amazônico, um manancial perene de facilidades. Dá um giro pelo ar em flaino descuidado, e sem esforço, "tudo lhe cai no bico, não há mal que lhe entre". A ventura, sempre esquiva para os outros, tornou-se a sua companheira de todos os dias, tudo lhe é fácil e até o material para o seu ninho apanha-o no ar, parece vir procurá-lo, nas asas imponderáveis da brisa. Passa a vida folgada e milagrosa dos que nasceram sob os signos benfazejos... E foi assim que nasceu a crença e a procura do ninho do cauré, mercadoria que se encontra nas casas dos ervanários paraenses... A casa que possui, entre outros apetrechos de afastar a urucubaca, um ninho de cauré, é a conta, está fadada a todos os bens imagináveis. Ia assim esse negócio dos bufar

A ave cigana

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José Cândido de Melo Carvalho narra  sua viagem ao Javari-Itacoaí-Juruá: "Penetramos, ainda de madrugada, no Igarapé Tacana. A diferença do rio para o igarapé é muito grande. Neste último, a água é escura, calma e a mata, em torno, vem debruçar-se sobre ela, formando nas margens uma densa parede verde. Quase não há canarana, nem tacana, plantas que dão nome ao igarapé. Não podíamos ter dia melhor para viajar; muito fresco, com um pouco de neblina. [...]. No Tacana existe, em abundância, uma pequena ave aquática ( Sterna superciliaris Vieillot, 1819) de bico amarelo, ponta da asa preta, mancha negra sobre os olhos e costas cinzentas. Também são muitos os arirambas ou martim-pescadores, da espécie grande e do miudinho ( Chloroceryle aenea aenea Pallas, 1764) excessivamente arisco. A cigana pode ser vista nas margens, ao longo do igarapé. [...].  Logo que percebe uma canoa, a cigana emite um som coaxado e, abrindo as asas, eriça as penas da cabeça, permanecendo assim por algum