Por muitos meses só veremos água na Amazônia


"[...]. Nessa época do ano quase não é necessário sair de casa para pescar; o peixe está ali mesmo saltando, bem nos lugares onde nasceram os bacorinhos. Por muitos meses, só veremos água, e perguntamos, para onde teriam ido os pássaros, que, não havia muito tempo, mariscavam em bandos pelos campos. Terão ido para tão longe que até o rio sente preguiça de lá ir? Muito antes das cheias já eles teriam mudado as suas moradias, as garças fugindo em bando, às centenas, como nuvens brancas, lembrando imensos véus de noivado soprados pelo vento. Tudo parece fugir. Para onde? Os guarás que, nesse momento, dão a impressão de enormes flores de "maracujá de rato" caídas sobre o solo como ramalhetes desfeitos, para onde levarão todo o escarlate das suas penas? E, na hora do poente, não mais se verão as colhereiras a mancharem de rosa o céu, que parece todo ouro, nem as garças morenas a sujarem de cinza a limpidez do dia que morre. [...]". E. da Costa Lima. O filho da cobra grande. 2. ed. 1944, p. 43.




Garça cinzenta (Ardea cinerea)
Leop. Jos. Fitzinger. Bilder-Atlas zur Wissenschafthich - Popularen naturgeschichte der Vögel in ihren Sämmtlichen hauptformen. 1864.
www.biodiversitylibrary.org

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