A literatura de Raimundo Morais


"[...]. E o livro de Raimundo Morais, como toda a sua obra apaixonada que no conhecimento íntimo da labiríntica planície, em todos os seus segredos inviolados, em todos os seus mistérios não revelados se alimentou, põe claridades ofuscadoras nesse pedaço privilegiado da Terra que, se não for o verdadeiro "paraíso verde", o que positivamente está longe de ser, é esse "inferno verde", arrepiante e funesto que nos descreve Alberto Rangel, aliás em páginas grandiosas e belas. [...]. 
Bem salienta esse mesmo Raimundo Morais:
"A literatura amazônica, na beleza pagã de moldes seus, vazados no símbolo augusto da terra e no pitoresco das alegorias autóctones, vem vindo vem chegando para a aleluia cantante da vitória, à proporção que os nossos filhos deslumbrados interpretam a natureza doce e tumultuária do paraíso verde. Árvores e quelônios, trevos e borboletas, parasitas e quadrúpedes, samambaias e cobras, vitórias-régias e jacarés, o mundo animado e virente em suma, da fauna e da flora, dará aos moradores da Planície, a fonte em que rapsodos, pintores, músicos e intelectuais beberão a linfa criadora da arte. Só há que abrir os olhos".
Abrir os olhos, iluminar a inteligência com todos esses esplendores e maravilhas e deixar a alma enamorar-se, embevecer-se no encanto constante de tão surpreendentes revelações de tão sublimes mistérios a ofertarem-se generosamente.
Nada no mundo a igualar em riqueza e variedade de temas à mercê de todas as inclinações, a seduzir todas as inspirações. Geógrafos, etnógrafos, naturalistas, etnólogos, arqueólogos, economistas, sociólogos, romancistas, poetas, músicos, escultores, pintores, todos têm ali fonte jorrando de perene estudo e alegria criadora". Gastão de Bettencourt (1894-1962). A Amazônia no fabulário e na arte. 1946. p. 82-84. 



Raimundo Morais (1872-1941)

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