O soberbo mundo vegetal


"[...]. As florestas desta ilha são ricas em originais raízes adventícias, que às vezes elevam-se tão alto acima do solo que se pode comodamente passar por baixo. Outras raízes salientam-se, como já disse, subindo pelo tronco acima como tábuas triangulares. Uma novidade para nós foram, ao contrário, as raízes das palmeiras com folhas em leque, que são formadas, por feixes compactos de incontáveis bastonetes lisos, entre os quais frequentemente alguns são de um encarnado vivo. Numa dessas palmeiras uma segunda raiz semelhante começava a sair, bem a 3 metros acima do solo, o que lhe dava um aspecto muito original. Sobretudo as raízes dos rizóforos são verdadeiramente características - um verdadeiro símbolo - do soberbo mundo vegetal destas terras do delta, que deixam para trás tudo quanto neste sentido já vimos no Brasil. Tudo aqui é colossal; o chamejante sol equatorial atrai aqui mais poderosamente para si, se assim se pode dizer, o manto verde de plantas do nosso planeta nestas regiões do cinto da terra, do que em outros lugares do globo terráqueo, enquanto as grandes massas de água, precipitando-se anualmente dos Andes, inundando e fertilizando tudo, penetram no santuário destas florestas, que por isto são chamadas "florestas de igapó". Assim é que vimos aqui, por exemplo, a esguia miriti, a mais alta de todas as plameiras que têm aqui seu habitat, elevar-se 30 metros acima do espelho da água. Encontram-se da mesma forma nas florestas virgens de árvores frondosas gigantes, cujas portentosas copas erguem-se 45 metros acima do solo úmido até aquelas negras nuvens de chuva, que o vento geral quase diariamente impele para cima delas. Como as árvores, assim também as raízes, sobretudo as dos rizóforos. Em altos arcos, que vão ficando pouco a pouco menores, projetam-se saindo do emaranhado, imitando por assim dizer o arremesso duma bala de canhão por cinquenta e mais passos por cima da superfície da água, junto às sombrias inflexões da vegetação da margem, interrompendo pelas mais diversas formas a calma superfície dos canais". Príncipe Adalberto da Prússia (1811-1873). Brasil: Amazonas-Xingu. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, 1977. p. 152.



Árvore gigantesca na selva tropical brasileira.
Ilustração de J. M. Rugendas. 1830.

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