As flores brancas de Clusias
"Carregada de plantas, conseguimos chegar de volta à Missão. As sombras se estenderam; uma paz envolveu a floresta onde somente se ouvia os cantos tardios de alguns pássaros, o murmúrio de animais procurando abrigo para a noite e o gemido de macacos.
Na manhã seguinte, foi possível ver a floresta de igarapés com árvores que permanecem inundadas durante todo o ano. O calor era intenso e vaporoso, e o leito do rio permanecia tão calmo que a linha divisória entre a realidade e a reflexão tornava-se quase indefinível. A floresta nessa região não era muito alta, mas extremamente densa e cortada por cursos de água escuros que penetravam fundo a selva. Raízes de árvores surgiam de dentro do rio formando arcos pelos quais se podia passar de canoa. Plantas cresciam em grande abundância, enraizadas em topos de árvores e galhos e enfeitando as copas das florestas. Na transição do igapó para a alta floresta, encontramos epífitas penduradas em ramos aglomerados nos galhos das árvores; espigões de araras que brilhavam como plumas ardentes nas copas das árvores; raízes coroando as gigantes da selva ou penduradas nas palmeiras que adornavam as margens do rio; e flores brancas de clúsias que cintilavam como estrelas no firmamento escuro". Margaret Mee (1909-1988). Flores da floresta amazônica: a arte botânica de Margaret Mee. 2. ed. 2010. p. 44.
Clusia lanceolata. Aquarela de Maria Werneck de Castro (1905-2000). Natureza viva - memórias, carreira e obra de uma pioneira do desenho científico no Brasil. 2004. |
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