As florestas com sua vegetação extraordinária


"Nas florestas menos majestosas, em que os raios do sol penetram facilmente, descobre-se nas formas da vegetação uma variedade extraordinária, uma abundância não conhecida em outras regiões. mas o olho do naturalista se torna aqui mais necessário, e ele tem, nesta graça majestosa, belezas que só a ciência pode revelar.
"A vida, a mais abundante vegetação, diz um viajante, estão espalhadas por toda parte; não se encontra o menor espaço de terra desprovido de plantas". Ao longo de todos os troncos de árvores, vêem-se florescer, subir, enrodilhar-se, agarrar-se aos martírios, os caládios, os dracônitos, pimentas, begônias, baunilhas, fetos, líquens, musgos de espécies variadas. As palmeiras, as mimosas, as bignonias, os ingás, os cinchos, os azevinhos, o loureiro, a murta, o jacarandá, as vismias, as sapucaias, a figueira e mil outras espécies de árvores, a maior parte ignoradas, compõem as florestas. A terra está juncada de suas de suas flores, e dificilmente se identifica a árvore de onde caíram. Alguns dos gigantescos troncos, carregados de flores, de longe parecem brancos, amarelos escuros, encarnados, cor-de-rosa, violetas e azuis-celestes. Nos sítios abaulados elevam-se em grupos unidos sobre longos pecíolos as grandes e belas folhas elípticas das helicônias, que algumas vezes têm oito ou dez pés de altura, e são ornadas de flores exóticas encarnadas e cor de fogo. No ponto em que se dividem os ramos das maiores árvores, crescem enormes bromélias, com flores em espigas ou em panículas, de cor escarlate ou de coloração igualmente belas. Delas descem grossos tufos de raízes semelhantes a cordas, que chegam até ao chão e constituem novos obstáculos aos viajantes. Estes talos de bromélias cobrem as árvores até que elas morram depois de longos anos de existência, e desarraigadas pelo vento, caiam por terra com grande barulho. Milhares de plantas trepadeiras de todas as dimensões, desde a mais delgada até a da grossura da coxa de um homem, e cuja madeira é dura e compacta, bauínias, banistérias, paulínias e outras, se enlaçam ao redor das árvores, elevando-se até os seus cimos, onde florescem e dão seus frutos, sem que o homem possa percebê-los. Alguns destes vegetais têm uma forma tão singular, por exemplo certas banistérias, que não podemos vê-las sem espanto. Algumas vezes o tronco em torno do qual estas plantas se enroscam, cai em pé, então vêem-se talas colossais, enlaçados uns com outros, sustendo-se em pé e facilmente se percebe a causa deste fenômeno. Seria muito difícil pintar estas florestas, porque a arte será sempre insuficiente para descrevê-las".
Mas após ter visto os grandes deste vasto quadro, se dermos atenção às particularidades, maior há de ser a admiração. A variedade das árvores reunidas em um pequeno sítio maravilha sempre o europeu; e como disse um sábio observador, não é sem surpresa que se pode avaliar em 60 ou mesmo em 80 o número dos grandes vegetais de espécies diferentes, que é provável encontrar em um quarto de légua quadrada". Ferdinand Denis (1798-1890). Brasil. 1980. p. 72-73.



 Heliconia sp.  e Beija-flores
 Gould, J. A monograph of the Trochilidae, or family of humming birds. v. 2, t. 110, 1861. 
www.plantillustrations.org

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