O Guará com sua rica plumagem flamejante


"Nas praias mais desertas, quando uma camada de lama substitui a areia ou se cobre de vegetação característica dos terrenos banhados pelas grandes marés salgadas, fervilham os caranguejos, os siris, saratus, os maraquanis, guarás, os sararás.
Dá-se então a cena interessante de afluência de várias aves, apenas se retira a maré. Entre elas distingue-se francamente o guará. Sua rica plumagem flamejante faz dele um magnífico ornato dessas praias. Quando novo é ele negro, mas correm os anos e o carvão se faz brasa viva. Quando a aurora rubra sucede às trevas da noite, recorda a transição das cores do guará.
É de particular amigo dos maraquanis; não faz, portanto, concorrência ao homem que não é apreciador desses modestos habitantes das praias, se bem que o não despreze.
Não são deselegantes as linhas do guará. Lembra a garça esbelta. Contudo, o que nele é mais atraente, sem dúvida, é o vivo colorido da indumentária natural. Afirmam-nos que o guará é perfeitamente domesticável, mas que, longe de suas praias povoadas de maraquanis, desbota-se o encarnado da plumagem e fica ele cor-de-rosa. Efeito de nostalgia? [...]". Dom Antônio de Almeida Lustosa (1886-1974). No estuário amazônico: à margem da visita pastoral. 1976. p. 191.


Ninhal de guarás.
Ilustração de Ernst Lohse.
Álbum de aves amazônicas de Emílio A. Goeldi, 1900-1906.

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