Agradável impressão do Araguaia




"[...]. Não posso esquecer-me da agradável impressão que me deixou esta primeira noite do Araguaia. O céu tinha estado nublado até essas horas; de quando em quando, o vento mugia nas praias e as nuvens largavam gotas raras, mas grossas, de uma chuva gelada; na hora, porém, em que eu me deitava, as nuvens rarefizeram-se e foram pouco a pouco se dissipando, até que o céu se tornou límpido e puro como um espelho infinito de safiras; então, no oriente, que se avistava muito ao longe, porque naquelas planícies não há morros, nem outeiros, nem serras, a lua desenhou-se calma e revestida desse encanto melancólico que tem sempre esse astro da noite em nossas solidões, despertando no coração vagas saudades e incertas esperanças de um futuro ideal, que nunca realizaremos na terra, e que é, talvez, uma aspiração de nossa alma para a imortalidade.
Fora-me impossível descrever o que então senti à vista daquelas paisagens tão grandes, contempladas de uma das mais belas praias do rio, ao clarão dessa noite, nas horas silenciosas e quietas que estávamos: era uma espécie de êxtase o estado de minha alma, e eu, contemplo todas essas grandezas, entre a penumbra do sono e da vigília, enxergava não só o que estava presente, como ainda tudo o que eu tinha sentido nesse dia, completamente cheio de impressões profundas e inteiramente novas para mim". José Vieira Couto de Magalhães (1837-1898). Viagem ao Araguaia. 7. ed. 1975. p. 106.


C. Fr. von Martius. Historia Naturalis Palmarum - 1823-1850)






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