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Mostrando postagens de novembro, 2016

A confecção dos alimentos

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"Grande também era a azáfama no alpendre reservado à confecção de alimentos, onde as mulheres se agitavam às voltas com raladores, urupemas, pilões, fornos e tipitis. Umas manipulavam a mandioca, fazendo as farinhas-d´água e de carimã, e também beijus, tapioca, arubé e tucupi. Outras preparavam conservas de peixe, mixiras e piracuí, reservadas especialmente para a época das águas, quando escasseiam a caça e a pesca. Mais adiante, algumas velhas secavam favas de baunilha e guardavam-nas no óleo de castanha de caju, que lhes reteria o perfume. Havia ainda a dependência destinada à extração e envasamento dos vários óleos vegetais, de bacaba, ucuúba, andiroba e outros". Gastão Cruls (1888-1959). A Amazônia misteriosa . 1957, p. 103-104.     Mandioca. Brasilien Entdeckung und Selbstentdeckung. 1992. Albert Eckhout. 1640. 

Sapopemas

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"Pouco a pouco cai um aguaceiro; paramos sob uma grande árvore e aproveitamos o tempo para almoçar. Poder-se-ia acampar muito confortavelmente entre essas raízes; os índios chamam-nas sapopemas, grandes contrafortes achatados, que se expandem de todos os lados por duas ou três jardas e que sobem contra o tronco até o dobro dessa distância. Não sei de que espécie é; uma samaúma muito provavelmente, mas muitas das árvores da floresta têm sapopemas, grandes ou pequenas; suportes que impedem a queda da árvore. Ás vezes, os índios cortam porções de sapopemas e usam-nas como pranchas grossas; frequentemente constroem cabanas encostadas ao tronco dessas árvores, e usam as sapopemas como paredes". Herbert Smith (1851-1919). In: PAPAVERO, N. ; OVERAL, W. L. (Orgs.). Taperinha: histórico das pesquisas de história natural realizadas em uma fazenda da região de Santarém, no Pará, nos séculos XIX e XX . 2011, p. 162.         Árvore com sapopemas Pintura de Johann Moritz Ruge

A vegetação do Purus

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"A flora epífita aqui caracteriza o mato muito menos do que nas florestas da zona marítima do Brasil oriental. As orquídeas são na verdade numerosas, mas as bromélias escasseiam; e as tilandsias que com longas barbas ou flutuantes véus pendem das florestas virgens do Espírito Santo, do Paraná e de Santa Catarina, faltam aqui quase completamente. Nas citadas províncias também se vêm muito mais Passifloras (Maracujás), Fetos e Bambuseas. Sucede, pois, que para o viajante leigo na botânica a vegetação do Purus, apesar de grandiosa, vai tomando com o tempo uma feição de monotonia, e vai-se tornando sensível numa certa falta de variedade em formas e matizes nessas compactas massas de verdura [...]". Paulo Ehrenreich (1855-1914). Viagem nos rios Amazonas e Purus. Revista do Museu Paulista , t. 16,  p. 305, 1929.       Mormodes amazonicum (Orchidaceae). Margaret Mee (1909-1988). In search of flowers of the Amazon Forests. 1989. Acervo da Biblioteca Domingos Soares Fe

O esplendor do cenário tropical

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As descrições gloriosas de Humboldt são e serão sempre sem paralelo; mas mesmo ele, com seus céus azul-marinho e a rara união de poesia com ciência que exibe com tanta força ao escrever sobre o cenário tropical, com tudo isso, não chega perto da verdade. O deleite que se sente nessas horas confunde a cabeça; se tenta acompanhar os voos de uma chamativa borboleta, a vista é detida por alguma árvore ou fruta estranhas; se está observando um inseto, a pessoa esquece dele na flor estranha por onde anda; se se volta para admirar o esplendor do cenário, a característica individual do primeiro plano prende a atenção. A cabeça, é caos e deleite dos quais surgirá um mundo de um prazer futuro mais calmo. No momento só estou preparado para ler Humboldt; ele como outro sol, ilumina tudo que vejo. Charles Darwin (1809-1882)       Annona muricata.  Maria Sybilla Merian (1647-1717). 

Uma viagem pelo Solimões

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"Quando acordei na manhã seguinte, avançávamos ao longo da margem esquerda do Solimões com a ajuda da espia. A estação da chuvas se implantara na região banhada pelo grande rio; os bancos de areia e todas as terras baixas já se achavam alagadas, e a forte correnteza, de três ou quatro quilômetros de largura, passava levando uma infindável série de árvores arrancadas e de ilhas flutuantes. As perspectivas eram melancólicas; não se ouvia outro som a não ser o surdo murmúrio das águas; as margens ao longo das quais viajávamos o dia todo mostravam-se atravancadas de árvores caídas, algumas delas com a ramagem flutuando tremulamente na correnteza ao redor de pequenas pontas de terra. As mutucas - uma velha praga já nossa conhecida - começavam a nos atormentar tão logo o sol esquentava pela manhã. Garças brancas podiam ser vistas em profusão à beira da água, e em alguns lugares bandos de beija-flores zumbiam ao redor das flores. O desolado aspecto da paisagem tornava-se ainda mais ace

A vegetação da Hiléia Equatorial

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"Um passeio de bote pelo mato inundado oferece as mais maravilhosas impressões deste mundo a parte. Aqui desenrola-se em prodigiosa grandeza e luxuria a vegetação da Hiléia equatorial, cada vez mais nova, singular e deslumbrante aos olhos do europeu. Depois que o bote abre caminho por entre maciços de uma cana aquática e de Caladium (vulgo tinhorão), que de envolta com espinhosas mimosáceas guarnecem as margens, espera-nos a surpresa de não achar no mato que fica atrás nem um palmo de terreno enxuto. Árvores, trepadeiras e água a perder de vista. O mato rasteiro aqui não tem espessura, a profunda sombra das grandes árvores lhe tolhe o crescimento; tanto mais numerosos e possantes são os cipós que a guisa de grandes correntes prendem as árvores uma a outra, e as compridas raízes aéreas que, como  fortíssimas cordas, pendem dos potos abaixo, embaraçando continuamente as manobras do bote. [...]". Paulo Ehrenreich (1855-1914). Viagem nos rios Amazonas e Purus. Revista do Muse