Pequeninos e mimosos colibris


"[...]. Um vento suave fazia ondular as canaranas à margem do rio e as copa das árvores pareciam inundadas pela luz do sol, anunciando uma jornada de intenso calor. Dentro da mata ribeirinha a algaravia de inúmeros pássaros canoros, chegava aos nossos ouvidos como um grande coro de gorjeios, a espaços mesclados aos pios das grandes aves, como mutuns, os jacamins, os aracuãs, as formidáveis arapongas (verdadeiros ferreiros das florestas) e tantas outras. E, onde existisse uma flor, a todo o instante aí surgiam os pequeninos e mimosos colibris, de variadas cores brilhantes, delicadas e formosas avezinhas que são um encanto da Natureza, a esvoaçarem rápidas, ligeiras, em torno das flores cujo néctar suga com os seus longos e pontudos biquinhos, pairando a intervalos como se estivessem flutuando no ar, dando-nos a aparência duma absoluta imobilidade, traída somente pelo ruflar elétrico daquelas minúsculas asinhas... invisíveis motores celestiais. Para além, emergiam do brilhante espelho das águas as rudes cabeças dos terríveis sáurios, cujos corpos escuros semelhavam ilhotas ou troncos de árvores arrastados pela correnteza". Eduardo Barros Prado. Eu vi o Amazonas. 1952, p. 298-299.
 
 
 
Colibris
 Campylopterus obscurus.
John Gould. A Monograph of the Trochilidae or Family of Humming Birds. 1855-1861.


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