A selva: um palácio encantado!
"Palácio encantado onde se confundem os gritos e os cantos, os zumbidos e os assobios, as gargalhadas e os choros, os guinchos e os roncos, de casacas-de-couro e arapongas, dos ferreiros e curiós, de periquitos e jandaias, de joões-de-barro e papagaios, de rubras ciganas e colibris, de besouros e répteis asquerosos e tantos mais, todos membros de uma imensa orquestra, perfeita, grandiosa e única, ao calor calcinante do sol magnificante, que doira a copa das sumaumeiras e põe reverberos aurifulgentes em toda a massa florestal que se agita, contorciona, entrelaça, confunde, se esmaga e ergue, fugindo louca ao abraço trágico da selva, numa sede insaciável de luz, numa ânsia angustiosa de azul infinito.
Numa visão caleidoscópica adejam doidamente borboletas sem conta. Milhares de espécies, as mais inimagináveis cores, a mais caprichosa policromia, os mais estranhos desenhos nas suas asas fulgurantes, irrequietas, dos mais singulares feitios e tamanhos. [...]". Gastão de Bettencourt (1894-1962). A Amazônia no fabulário e na arte. 1946 p. 59.
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