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Mostrando postagens de dezembro, 2014

Viajantes: A palmeira Patauá.

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"Estou muito interessado nas palmeiras, que aqui são bem mais numerosas do que em Santarém. Acredito que haja entre elas muitas espécies ainda não descritas. Chamo a atenção, dentre as espécies novas, para uma Maximiliana, uma Euterpe , uma Iriartea e duas ou três Geonomae . [...]. Talvez a mais nobre palmeira das florestas de Barra seja o Patauá, cujos troncos, às vezes atingem 80 pés [24,4m] de altura, encimados por frondes enormes. Uma espádice completa, carregada de frutos é carga bem pesada para um homem. As drupas dão muito óleo, aqui utilizado apenas para o preparo de um vinho semelhante ao do açaí. Com poucos anos, o tronco fica coberto de espinhos delgados e rígidos, de cerca de 2 pés [61 cm] de comprimento, de ponta voltada para cima. Trata-se das nervuras do revestimento basal daqueles pecíolos do qual se desprendem o parênquima, e que os nativos chamam de "barba-de-patauá". Quando o tronco atinge 15 ou 20 pés [4,57-6,09m], a "barba" existente

Viajantes: Uapés

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"Sobre a água sobrenadam, condensados e unidos, os uapés de mil formas. Entre estes distingue-se um de folhas redondas, verde- avermelhadas, do meio dos quais surdem alvas flores, golpeadas de escarlate, de feitio de estrelas, cujas finas hastes carmesins vêm-se mergulhar através da água cristalina com ondulações airosas de serpentes. Isolada quase, formando um mundo à parte, nos remansos tranquilos de um lago menos batido dos pescadores, e mais perto da terra-firme, a vitória-régia, o "forno de jacaré" dos naturais, desdobra as enormes folhas circulares de bordas cairelados de vivo carmesim virados para cima como um forno indígena, e ergue pouco fora d´água suas grandes flores semiesféricas: de manhã, alvas como a pena da garça, de tarde, cor-de-rosa como o papo da colhereira; dominando apesar de arredada, pela sua estranha e selvagem beleza e pelas extraordinárias proporções do seu tamanho, toda a luxuriosa flora aquática da região. José Veríssimo (1857-1916). Cena

Viajantes: Os cestos de açaí.

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"Em suas voltas pela mata, os Tapuias haviam enchido com frutos do açaizeiro um daqueles cestos que eles fazem num piscar de olhos com um único galho de árvore. Um pintor teria apreciado o contraste de cores entre o violeta escuro dos frutos do açaí e o verde tenro e brilhante da suas folhas, mas um cesteiro teria certamente se maravilhado com a presteza com que esses índios haviam feito um cesto com seus pecíolos e folíolos". Paul Marcoy (1815-1888). Viagem pelo rio Amazonas . 2001, p. 242.       Os cestos (paneiros) de açaí.  Os caminhos de Belém.  The routes of Belém. Rio de Janeiro, Agir, 1996. 

Literatura: A Palmeira

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A Palmeira   A palmeira Jauari, mais altaneira que alta, a solidão prefere da várzea do Jarauá.   A quem a longa leveza do seu talhe comove, a palmeira moça estende a graça da elegância que me estremece inteiro o gosto de estar vivo.   Do vento ela entende as sílabas e os silêncios: sílabas do canto que as palmas aprendem, silêncios do espanto de saber  que segregam sua futura fúria.   Nos dedos longos do ar me chega o seu cheiro de palmeira moça. Para tê-la de perto (me leva uma estrela) atravesso o fulgor do pleno meio-dia sobre o verde da infância.   Toda a floresta vibra. Na sombra exígua da moça palmeira me deito inconsútil serena alegria.   Thiago de Mello In: MELLO, Thiago. Mamirauá. Tefé (AM): Sociedade Civil Mamirauá, 2002.         Astrocaryum jauari J. Barbosa Rodrigues (1842-1909) . Sertum palmarum brasiliensium :ou Relation des palmiers nouveax du Brésil, découverts, décrits et dess

Lendas e Curiosidades: A voz das aves!

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"Na Amazônia, o grande despertador do trabalho, da festa, da reza, o aparelho em suma que anuncia o nascer do sol e o cair da noite, é a voz das aves. O canto dos pássaros, melhor que outro qualquer sinal da natureza, guia o homem, deita-o e levanta-o da rede, chama-o para os movimentos adstintos à vida livre e quase mômade que o atrai na planície imensa. [...]. Existem sem dúvida outras vozes na planície tal a dos sapos, lembrando tambores, remar de canoas, roncos de feras; tal a das cigarras, cujo macho canta e a fêmea estridula; tal a do grilo, a das abelhas, a das onças; nenhuma porém como a voz das aves, precisa e oportuna na trasladação dos astros, no encher e no vazar da maré, no embravecer ou amansar dos ventos. A Maria-já-é-dia, por exemplo, é quem assinala, do fundo escuro da noite, as primeiras tintas da aurora. E nem o galo é tão minucioso quanto ela, que só canta depois de ver, no seio misterioso do céu, um rasgão de claridade. Seu grito, de ritmo igual ao do pr

Viajantes: Macaquinhos na floresta.

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"[...]. Poucos dias atrás, ouvi um ruído estranho e um estrondo na mata, que a princípio não conseguia explicar. Por um momento, pensei que uma gigantesca árvore tinha caído no meio da mata, tamanho foi o estalo da galharia; notei, então, que o barulho mudava de lugar e achei que era o estouro de um bando de animais de grande porte, quem sabe até porcos selvagens correndo pelo mato. Por fim, quando o barulho que vinha em minha direção estava bem perto, ouvi também o chilro agudo e estridente com o qual  todos os nossos macaquinhos se distinguem, porém sem conseguir ver nada além de alguma sombra por entre os galhos, de vez em quando. Então, de repente, surgiu numa copa de palmeira mais baixa, bem perto de mim, uma cabecinha: duas orelhinhas pontudas e cara rosada com focinho preto permitiram reconhecer, na mesma hora, o meu predileto do jardim zoológico, o macaco-de-cheiro ( Chrysotrix sciurea ), atual Saimiri sciureus . Por vários instantes, ficamos nos olhando imóveis, cheios

Vocabulário histórico da Amazônia e sua presença na literatura: Jiquitaia.

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JIQUITAIA - Formiga de pequeno porte, geralmente avermelhada, cuja ferroada é muito dolorosa.   ETIMOLOGIA - Segundo o Prof. Pirajá da Silva: Jequitaia - Gequitaia, corruptela de cigie-taia : "o que queima". Para o Dr.  Vicente Chermont de Miranda  a pimenta malagueta seca e reduzida a pó é conhecida pelo mesmo nome, pois a picada dessa formiga  arde como pimenta. Sin./Var.: formiga-lava-pés, lava-pés, caga-fogo, formiga-brava, formiga-de-fogo, formiga-quente, formiga-malagueta, formiga-ruiva, itaciba, jequitaia, mordedeira, queima-queima, taciba.   LITERATURA: Francisco de Barros Junior narra seu encontro com essas formigas:   "A formiga-de-fogo, assim denominada vulgarmente pela sua coloração avermelhada, e semelhança a queimaduras, a sensação provocada por suas picadas, é o martírio dos caçadores e pescadores dessas terras. Quando a enchente ganha a planície, as formigas dessa espécie  abandonam seus ninhos subterrâneos e sobem para as árvores, busca