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Ubuçu: a palmeira mais característica dos Furos de Breves

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          Não se pode tratar da vegetação dos Furos de Breves sem citar a palmeira mais singular e característica desta região, o ubuçu ( Manicaria saccifera ). O seu bouquet de imensas folhas lanceoladas e muitas vezes quase inteiras, de um verde claro, aparece só com intervalos na margem dos canais e isto somente nas concavidades das beiras, carcomidas pela correnteza, mas logo que se entra em qualquer lugar, por dentro da floresta, ele constitui um dos elementos dominantes da vegetação, ao menos nos trechos periodicamente inundados. [...]. Mesmo no meio dos igapós onde o ubuçu abunda, a água é semeada de frutos, quando os seus cachos pendentes amadurecem. Todo mundo aqui conhece a espata da inflorescência do ubuçu, que, sob o nome de "tururi", serve de boné e de saco para guardar objetos miúdos. [...]. FONTE: HUBER, Jacques. Contribuição à geographia physica dos furos de Breves e da parte occidental de Marajó. Boletim do Museu Paraense de Historia Natura...

Colibri: verdadeira joia da Natureza

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          Para Buffon, o beija-flor (colibri) é de todos os seres vivos, o mais elegante na forma e o mais brilhante pela variedade das cores - verdadeira joia da natureza que, favorecendo-o, cumulou-o de dotes apenas distribuídos entre as outras aves. A esmeralda, o rubi, o topázio brilham sobre suas penas que ele jamais suja com a poeira da terra e, na sua vida - toda aérea - vemo-lo apenas tocar a relva por instantes. Sempre no ar, voando de flor em flor, só habita os climas onde, sem cessar, elas se renovam.           É nas mais quentes regiões do Novo Mundo que se encontram todas as espécies de beija-flores. Assaz numerosas, parecem confinadas entre os dois trópicos pois as que avançam no verão nas zonas temperadas, aí só fazem curta estada; parecem seguir o Sol, avançar e retirar-se com ele e voar sobre as asas do zéfiro em busca de uma primavera eterna ... FONTE:   MIRANDA NETO, Manoel José de. Marajó : desafio da A...

Uma Bromeliácea como um gigantesco ananás

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          [...]. Aí brilha subitamente no meio da escura folhagem o cacho cor de fogo com 30 centímetros de altura, de uma Bromeliácea como um gigantesco ananás. Atraem-nos então novamente a atenção as mais lindas orquídeas que em parte trepam pelos troncos eretos como círios, em parte cobrem agreste e pitorescamente os galhos que raramente se ramificam abaixo de 20 a 30 metros do chão.              A grande fertilidade do solo parece que deixa as árvores crescerem demais ao mesmo tempo juntas umas das outras, de maneira que no princípio nenhuma encontra espaço para se ramificar, e daí uns troncos esforçarem-se mais por exceder outros e conquistar espaço mais em cima. Ali, onde galhos pequenos nascem dos grandes ou ali, onde estes se bifurcam, costumam as Bromeliáceas aninhar-se, tornando-se muitas vezes colossos, iguais a um Aloe da altura de um homem, e olhando dessas vertiginosas alturas para o viandante embaixo, curvam...

Uma floresta tropical

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          [...]. No decurso de nossa interminável marcha através da floresta imensa, perfurada pela grande picada, as paisagens se sucediam numa variedade maravilhosa de coloridos, mas sempre caracterizadas por impressionante grandiosidade! Passávamos entre alamedas de enormes árvores, circundadas de fetos e ligadas por grossas lianas (cipós), que se entremeavam pelos troncos e pelas galhadas, até os pontos mais elevados das copas. Por todos os recantos viam-se flores as mais variadas na forma e nas cores, raramente faltando à beleza natural dos quadros a benfazeja corrente de um igarapé para completar a amenidade daquelas paisagens. As maravilhas da Natureza, aliadas à calma reinante nos silenciosos ermos, infundia um desejo incontido de lassidão, que convidava, por vezes, a um abandono completo de si mesmo...                  A enorme distância que nos separava do bulício das grandes cidades, tornava apraz...

Toda a pujança da Natureza Tropical

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          Naquela manhã a natureza toda como que se preparara para nos receber. As sumaumeiras gigantes mais se agigantaram no porte e soltaram aos ventos macios sua cabeleira frondosa. Os mulateiros, despojados de sua casca ressequida ergueram-se viris e sobranceiros. Os taxizeiros cobriram-se de flores, umas ainda de cor de creme, outras já avermelhadas, todas pontilhando a floresta de cores vivas e radiosas.           Os cipós, brincalhões e irrequietos, trepavam pelos troncos portentosos ou se dependuravam nos galhos como serpentinas desenroladas, vindo por vezes mergulhar no remanso das águas ou se perder no meio dos matupás. As mungubeiras, os galhos desfolhados e pendentes de frutos vermelhos, soltavam no ar mil flocos de paina que levados pela brisa, acabavam pousando de leve na superfície das águas. E seguiam tranquilos a correnteza do rio.            Por todos os lados as orquídeas maravi...

As palhas das palmeiras bussú e inajá

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         Um dos produtos fibrosos de maior importância no Marajó são as palhas do bussú e do inajá  que além de serem usadas na cobertura de casas, são comercializadas por ribeirinhos no porto da cidade de Breves e outras sedes de municípios marajoaras. O corte das folhas do bussú é feito durante todo o ano, porém, uma vez cortada, a palmeira só está apta a um  novo corte de 3 a 6 meses depois. Das palmeiras mais jovens são extraídas em torno de 20 folhas e, das mais velhas, apenas 14. Quatro folhas são sempre deixadas nas árvores para a regeneração mais rápida da copa. [...]. FONTE:  LISBOA, Pedro L. B. A terra dos Aruã: uma história ecológica do arquipélago do Marajó. 2012. p. 183.   Ubuçu ou Bussú  Manicaria saccifera. C. Fr. von Martius. Historia Naturalis Palmarum - 1823- 1850  

Uma paisagem com plenitude resplandecente

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             [...]. Tudo é vida; animais e plantas em gozo, na luta. Às sete horas, o sereno começa a desaparecer, o terral enfraquece e logo se nota o calor que aumenta. O sol sobe rapidamente, a prumo, no céu claro e de um azul transparente no qual as nebulosidades são uniformemente dissipadas, até que, pouco mais tarde, baixinho no horizonte ocidental, começam a formarem-se nuvens pequenas, branquinhas, estas se prolongam em direção ao sol e pouco a pouco estendem-se longe no firmamento. Cerca das nove horas a campina está seca; a mata aí está no brilho das folhas de loureiros; flores abrem-se, outras já estão esgotadas pelo gozo do amor. Uma hora mais tarde, as nuvens já estão amontoadas alto e formam densa mata, que às vezes passam pelo sol, escurecendo-o e refrescando, que domina a paisagem com plenitude resplandecente. As plantas palpitam sob os raios tórridos do sol; abandonam-se esquecidos ao forte estímulo. Besouros dourados e beij...