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Mostrando postagens de maio, 2022

A floresta amazônica

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          Em nenhum recanto da terra a vida vegetativa é mais exuberante do que na depressão amazônica, nem se estende sobre tão amplos domínio. É a floresta equatorial com o seu viço, a sua seiva, as grandes formas arborais, a sua pompa, o seu esplendor, que deteve Humboldt, encantado Spix e Martius surpreendidos. Acompanhando o Amazonas em sua horizontalidade característica, divergindo para os vales laterais, seguindo-os, acompanhando-os desde as nascentes até a foz, espraindo-se em todos os sentidos, vasta, magna e virgem, a selva, aqui por estes longes do Brasil setentrional, é uma admiração. É obra das grandes águas e do sol do equador. [...].                               Tudo, na vida vegetal, aqui, é grande. No critério de ilustre botanista, a floresta amazônica apresenta-se sob duas modalidades: emersa e imersa . A floresta emersa é a que reponta no tipo das grandes árvores de tecido resistente. É o domínio das lianas e das orquídeas, a região das plantas medicinais, das árv

As garças e suas alvas franjas

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               Ao passarmos por banhados e lagoas já reduzidas pelo adiantado da vazante, tínhamos o costumeiro mas sempre maravilhoso panorama de um espelho líquido, cercado de tapete dos periantãs, matizado de saracuras, socós, colhereiros, flamengos, jaburus e garças, estas, como as franjas de toalha alva cobrindo a mata, que emoldura o conjunto. FONTE: BARROS JUNIOR, Caçando e pescando por todo o Brasil. 5a série: Purus e Acre. São Paulo: Melhoramentos, [195-?]. p, 39.   Garças  Pintura de Jessie Arms Botke (1883-1971)

Um mundo novo de seres desconhecidos

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              Era um mundo novo de seres que o recém-chegado desconhecia. Na borda dos lagos e dos rios, pensativas como cegonhas, deparou-se com  as garças brancas, pardas, morenas; o guará, o jaburú, o tuiuiú, o maguari, cismando como ibis americano; assustadas, a revelar o medo materno em alaridos e revoos constantes sobre os ninhos nas praias, as gaivotas; sobre os troncos, de bubuia, descendo o rio abaixo no tempo das enchentes, as marrecas ariscas. Aqui, ali, acolá, zunindo, roncando, cantando, chiando, surpreendeu beija-flores, jacinas, ponhamesas, besouros, tentens, saís, curiós, coleiras, bicudos, patativas, abelhas, jaquiranaboias, cigarras e grilos; nas clareiras, em forma de perdizes e listrados de preto e branco, remarcou pavõezinhos que comem moscas, a volverem o corpo à direita e à esquerda, sobre as pernas fixas, como se dançassem um minuete esquisito. FONTE: MORAIS, Raimundo. Paiz das pedras verdes, Manaus: Imprensa Pública, 1930. p. 48. Álbum de aves amazônicas -1900-

O Jacamim e as cobras

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        Que haverá na constituição de certos animais - notavelmente de algumas aves -  que as torna invulneráveis - ou quase - às mordidas das serpentes venenosas? Dizem que o agami [jacamim] ou     corneteiro ( Psophia crepitans ) é imune a mordidas de cobra. Posso testemunhar que essa ave de fato não teme os ofídios, revelando grande habilidade em caçá-los, sem medo de bicá-los em qualquer parte do corpo e sabendo como esquivar-se de seus frequentes contra-ataques. Em Panuré, à beira do Uaupés, havia um agami domesticado que se afeiçoou a mim a tal ponto que costumava me seguir como se fosse um cão. Ele nunca falhou em dar cabo de qualquer cobra que cruzasse nosso caminho.               Certo dia, saí sozinho com esse agami pela caatinga afora. Chegando a cerca de 4 milhas [6,44km] da aldeia, pus-me a vaguear por um lugar relativamente limpo de vegetação rasteira no qual abundavam certas plantas diminutas (Burmaniáceas) que eu estava muito interessado em colher. Enquanto procurava os

Minhas pesquisas em História Natural

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        Esses cadernos contêm relatos de viajantes e naturalistas que percorreram a floresta amazônica descrevendo a fauna e flora da região.          Parte de m inha pesquisa está registrada nos meus dois livros intitulados "Amazônia Exótica: curiosidades da floresta" (vol.I/II) editado em 2012/18. Outros dados  estão compartilhados no meu Blog: olimpiareisresque.blogspot.com.              Os  cadernos aqui fotografados fazem parte dos meus manuscritos pessoais que vem desde 2002, quando me interessei pela organização de um vocabulário controlado, o que me permitiu consultar centenas de livros raros e esgotados .                    Alguns cadernos com minhas pesquisas em  História Natural do Brasil

Bananeiras ornadas com suas brilhantes flores amarelas e vermelhas

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             Para uma região é sempre esplêndido enfeite uma floresta virgem. Admira-se, estremece-se, sem pressentir, essa infinda variedade de antigos madeiros, de palmeiras, lianas, e gigantescas plantas, cujas folhas atingem o tamanho de um homem. Nossas barracas iluminadas pelo sol em fundo de cerrado mato; nossas bagagens; [...]; no primeiro plano pacovas gigantes; cipós enormes, como eu nunca vira; no fundo à direita, o rio estreito e sombrio; tudo isso formava uma perspectiva interessante.[...].                            Ali as pacovas, que em São Paulo, debaixo do nome de caetés são criancinhas e no Paraguai já parecem adolescentes, se apresentam de repente com o viço e tamanho das maiores bananeiras, orladas com suas brilhantes flores amarelas e vermelhas em ziguezague; ali os cipós mais grossos não sobem simplesmente como em outros lugares: entrançam as árvores, vão de um tronco para outro como os estais e braços das vergas dos navios. Assim é que, ao chegarmos ao porto, p