Uma viagem pelo rio Pará

     [...]. Nunca esquecerei do soberbo espetáculo do nascer do sol, que presenciei certa vez durante uma viagem pelo rio Pará. Nossa embarcação era uma grande escuna, e nós íamos avançando aos saltos, vergustados por uma brisa forte que fazia espremer a água, quando o dia amanheceu. O ar estava tão límpido que a borda inferior da lua cheia ainda se mostrava nitidamente delineada quando ela atingiu o horizonte ocidental ao mesmo tempo que o sol se levantava no leste. Os dois grandes globos se achavam visíveis ao mesmo tempo, e a transição da noite de luar para o dia foi tão suave que parecia ter ocorrido apenas o aparecimento do sol num dia nublado. As matas ao redor de Baião eram constituídas por capoeiras, já que as terras ali já haviam sido anteriormente cultivadas. Numerosos pés de café e de algodão cresciam entre as moitas de mato. Um aprazível caminho se estende ao longo da margem do rio por algumas milhas, acompanhando as ondulações do terreno e dando acesso às casas localizadas à beira do alto barranco. [...].


FONTE:  BATES, Henry Walter. Um naturalista no rio Amazonas. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed da Universidade de São Paulo, 1979. p. 59. (Reconquista do Brasil, v. 53).


Algodão (Gossypium herbaceum)
Denisse, E. Flore d´Amérique, t. 123, 1843-1846.
www.plantillustrations.org



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