No labirinto de ilhas do Solimões

 

        Quanto mais avançávamos no labirinto de ilhas do Solimões, mais baixavam as águas e mais firme se mostrava a terra. Com isso a vida animal ia-se tornando também cada vez mais ativa. Surgiam cada vez mais bandos de pequenos e céleres  macacos, correndo com incrível agilidade ao longo dos galhos. As grandes araras e araraunas, gargalhavam sempre mais nos galhos das árvores mais altas ou voavam, cruzando o ar límpido. Garças pequenas, inteiramente brancas e uma outra espécie cinzento-claro, flutuavam através do éter, por cima da floresta. Seguiam-nas, fugindo, assustados com o ruído do vapor, ibis inteiramente pretos com desenhos encarnados na cabeça e bicos vermelhos. Pelo menos assim me pareceram os fugitivos. Abundavam os urubus e açôres; grandes bandos de alcíones e periquitos perseguiam-se ao longo da mata, nas margens do rio, dum lado para outro, enquanto pequenos bandos de crotófagas, mais tímidas, se escapuliam para dentro da floresta. Avistamos também alguns japiins, - uma espécie de icterídeo - as belas cores amarelo e preto desses pássaros resingueiros brilhavam de longe. Não cessavam de passar pequenos bandos de patos selvagens, e até os golfinhos vinham incessantemente à tona.

FONTE:

AVÉ-LALLEMANT, Robert. Viagem pelo norte do Brasil no ano de 1859. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1961.  v. 2, p. 161. (Coleção de Obras Raras, 7).


Garças 
Pintura de Jessie Arms Botke (1883-1971)
www.br.pinterest.com




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