Um dia que prometia ser bonito
"Desde a madrugada, o dia prometia ser bonito. Antes do amanhecer, tudo, em volta de nós, estava mergulhado em densa neblina, predominando uma umidade que atingiria o máximo. A mata, quase invisível, envolta em absoluto silêncio, repousava. O sol saiu logo, quente e brilhante, trazendo-nos certo alívio com seu calor. Dispusemos nossas coisas para secar. Os insetos exigem cuidados especiais, pois além da umidade, são atacados por formigas, abelhas, cupins, cabas e outros bichos.
Fui, com meu companheiro, rio abaixo, numa canoa, até um ponto de margem elevada. Ali, amarramos a canoa e fizemos uma penetração sem rumo certo. Logo encontramos uma velha estrada de seringueiro, com trechos tão cerrados que só a facão conseguíamos abrir passagem. Vi várias araras e ciganas, à beira de um lago, onde também havia jaós, japus esverdeados, vários bicos de brasa, pica-paus de cabeça-vermelha. [...] e várias aves do subosque, desconhecidas para mim. [...].
FONTE:
CARVALHO, José Cândido de Melo. Notas de viagem ao Javari-Itacoaí Juruá.
Álbum de aves amazônicas - 1900-1906
Desenho de Ernst Lohse (1873-1930)
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