Perdidos na floresta
"[...]. Depois de subir e descer colinas e transpor baixadas, varando moitas intricadas de bambus e de palmeiras murumuru, dotadas de terríveis espinhos de algumas polegadas de comprimento, prosseguimos a caminhada durante algumas horas, até que eles revelaram estar em dúvida quanto ao caminho a seguir. Três vezes subiram em colinas mais altas para tentar avistar a serra, mas em vão. Além de não a enxergarem, também perderam a referência do rio.
Ao meio dia, depois de caminharmos durante 6 horas seguidas, paramos para deliberar, quando dois dos homens, sem dizer uma palavra sobre suas intenções, decidiram retroceder pela trilha até o acampamento. Minha experiência nas trilhas da floresta amazônica ainda era incipiente, e eu não imaginava como seria essencial nunca perder de vista meus guias indígenas. Supus (erroneamente, como mais tarde vim a constatar) que o rio não estaria muito distante, e que poderíamos atingi-lo facilmente acompanhando o curso de um dos numerosos igarapés. Assim acompanhados apenas de Manuel Cafuzo, que seguiu em frente abrindo caminho, saímos em busca de um igarapé e, tendo encontrado um, começamos a acompanhá-lo no sentido jusante, tarefa não muito fácil, pois sua margem se apresentava densamente revestida ora de arbustos e lianas difíceis de transpor, ora de impenetráveis bambuzais, ora de capins altos e cortantes, que deixaram suas marcas em nossos joelhos e mãos. [...].".
FONTE:
SPRUCE, Richard. Notas de um botânico na Amazônia. Belo Horizonte: Itatiaia, 2006, p. 91-92.
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