Postagens

Mostrando postagens de dezembro, 2019

Urucu

Imagem
Manuel Nunes Pereira comenta sobre o uso do urucu na Amazônia: "Urucuzeiro ou Urucueiro. Embora nenhuma das duas últimas denominações seja tão vulgarizada na Amazônia, sabe-se que elas abrangem duas variedades de Bixáceas: A Bixa orellana . Diz Paul Le Cointe: "Da polpa que envolve as sementes tira-se uma tinta vermelha que pode servir para dar cor a certos comestíveis, sem dar cheiro nem sabor especial. Na medicina popular, ainda segundo Le Cointe, a "A raiz é digestiva. As sementes são expectorantes. A tinta do urucu (bixina) protege a pele contra os raios químicos (ultravioletas) da luz solar e contra a absorção do calor solar". [...]. E os indígenas aproveitam a tinta do urucu para untar a cabeça dos recém-nascidos, protegendo-lhes a moleira ou fontanela contra a ação maléfica dos seres fantásticos, das águas e das florestas, e, em geral, contra todas as enfermidades. E o mesmo costumam fazer com a tinta do jenipapo, aproveitando-a e a do urucu, misturad

Aves que "falam"

Imagem
"Segundo uma tradição americana antigamente falavam as aves. Pouco a pouco, perderam este dom e restaram só umas poucas privilegiadas. Já em 1815 notou o naturalista Freireys a respeito do Brasil: "existem efetivamente pássaros que falam algumas palavras distintas". O povo atribui a diversas aves este dom: uma ave noturna ( Caprimulgus ) diz distintamente: "João corta pau"; uma pomba pequena ( Columba squamosa ) canta horas inteiras num só "Fico"; o Bem-te-vi grita seu nome na aproximação de uma pessoa; o jacú ( Penelope cristata ) fugindo parece caçoar com o caçador que errou o tiro, quando solta sua estridente voz: "Ha-ha". O Tahan, chamada "ave literária", profere o seu nome Tahan! que quer dizer - Vamos! avisando de noite a gente que há inimigos, etc. etc. O Papagaio, parece como que uma pessoa no meio da família. Conversa com ela, manda entrar a visita, é objeto de carícias, é o centro das hilaridades domésticas. Seu d

Breve biografia: F. A. Biard (1799-1882): o desenhista francês

Imagem
BIARD, François-Auguste. Deux annés au Brésil . Paris: Librarie de L. Hachette et Cie, 1862. 680 p. il. Nesta obra há o "relato sobre a permanência no Brasil  do desenhista francês François Auguste Biard de maio de 1858 a novembro de 1859; publicado primeiramente na revista Tour du Monde. Após sua visita ao Rio de Janeiro, onde fizera vários retratos dos integrantes da corte imperial, Biard viajou pelo Espírito Santo, Bahia, Pernambuco e pela bacia amazônica. São de interesse etnográfico seus esboços resultantes dessa viagem". FONTE: KOPPEL, Susanne. Biblioteca brasiliana da Robert Bosch GmbH : catálogo. Rio de Janeiro: Livr. Kosmos Ed., 1992, p. 367. Santarém- PA - Brasil F. A. Biard. Deux annés au Brésil. 1862.

Por muitos meses só veremos água na Amazônia

Imagem
"[...]. Nessa época do ano quase não é necessário sair de casa para pescar; o peixe está ali mesmo saltando, bem nos lugares onde nasceram os bacorinhos. Por muitos meses, só veremos água, e perguntamos, para onde teriam ido os pássaros, que, não havia muito tempo, mariscavam em bandos pelos campos. Terão ido para tão longe que até o rio sente preguiça de lá ir? Muito antes das cheias já eles teriam mudado as suas moradias, as garças fugindo em bando, às centenas, como nuvens brancas, lembrando imensos véus de noivado soprados pelo vento. Tudo parece fugir. Para onde? Os guarás que, nesse momento, dão a impressão de enormes flores de "maracujá de rato" caídas sobre o solo como ramalhetes desfeitos, para onde levarão todo o escarlate das suas penas? E, na hora do poente, não mais se verão as colhereiras a mancharem de rosa o céu, que parece todo ouro, nem as garças morenas a sujarem de cinza a limpidez do dia que morre. [...]". E. da Costa Lima. O filho da cobra gr

A viagem da naturalista

Imagem
"Após a baía de Marajó o gaiola penetrou, de novo, no verdejante dédalo de canais. De bordo, como se a viagem fora num trem que rodasse ao longo das vivendas marginais, descortinavam-se mil aspectos da terra e do homem, da natureza e do roceiro. O navio passava por uma série de canaviais verde-claros que envolviam os carunchosos e antigos engenhos de açúcar e cachaça, produtos que já haviam feito a prosperidade do município de Igarapé-Miri; passava ainda por vários arrozais recordantes dos remotos soques de arroz da capital paraense; e também por milhares de espigas douradas que evocavam as broas portuguesas e as canjicas brasileiras. D. Emília Snethlage, sentada numa cadeira de lona à proa, de binóculo em punho, ia observando esses típicos e curiosos trechos da grande orla do estuário tocantino. As manifestações botânicas, os taludes, baixos como ravinas, os sítios, bem tratados uns, abandonados outros, as barraquinhas pobres de troncos de miriti tuíras deitadas no porto, a