Aves aquáticas à beira do rio


"O dia apenas clariava. Um bando de tucanos passara por cima da barraca, e dirigia-se para o açaizal. Em sentido contrário, centenas de periquitos iam, numa grande algazarra, procurar a comida nas favas das sumaumeiras. Quando o pai de Rosinha chegou à beira do rio, aí é que o alvoroço foi grande e a gritaria infernal! Eram centenas de marrecas, patos bravos, cararás, garças, ciganas e outras aves aquáticas, em grande número, que levantaram o voo espavoridas e revoltadas por lhes perturbarem a quietude.
Entre os aningais e capins da margem, ouvia-se o piar dos filhotes que ficaram abandonadas. Numa outra manhã, o velho João ter-se-ia demorado a apreciar aquela debandada e os piados estridentes que soltava a passarada multicor e de várias espécies passando-se para outra margem do rio onde ficariam até, que tudo se aquietasse novamente. Mas hoje, o pobre homem nem mesmo se apercebia dos jacarés que, de goela à mostra, esperavam que as jaçanãs lhes viessem fazer o favor de catar as sanguessugas", E. Costa Lima. O filho da cobra grande. 2. ed. 1944, p. 91-92.


Marrecão - Patos - Marrecas.
Álbum de Aves Amazônicas de Emílio A. Goeldi -  1900-1906.
 Ilustração de Ernst Lohse (1873-1930

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