A vida aérea de nossas florestas


"[...]. Entre as aves trepadoras sobressaem as araras, que habitam o cimo das maiores árvores, onde comem e dormem. Os papagaios, sempre casados, passam a vida no tope dos madeiros. Os naturalistas os comparam, pela irrequietude, aos macacos, da mesma forma que comparam, pela lentidão as preguiças aos tucanos. Estes, de bicos enormes se bem que leves, famosos trepadores, de vez em quando emigram dentro da própria bacia amazônica, atravessando vales e serras numa larga peregrinação que parece originária da postura. É preciso, no entanto, antes de encerrar estas linhas, e como homenagem ao gênio perspicaz de Wappaeus, transcrever ainda estas suas curiosas observações referentes à índole e ao costume dos alados. Há "aves que habitam as alturas e evitam o homem; aves que procuram os povoados e se familiarizam com eles; aves das planícies que as frequentam em bandos; aves dos campos que vivem solitárias; aves que rastejam o solo e mal se elevam no ar; aves que esvoaçam nas maiores alturas; aves velozes e aves de voo pesado; aves bem e mal emplumadas".
A vida aérea das nossas florestas ainda é um problema a resolver, um enigma a decifrar pelos naturalistas, tantos são as plantas e os bichos trepadores que  deixam a penumbra rasteira em busca da luz nas alturas. [...]". Raimundo Morais (1872-1941). Amphitheatro amazônico. [193-?],p. 158-159.


 Arara vermelha (Ara macao) .
Fitzinger, Leopold Joseph.  Bilder-Atlas zur Wissenschafthich - Popularen naturgeschichte der Vögel in ihren Sämmtlichen hauptformen. 1864.
www.biodiversitylibrary

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