O sabiá e o japiim


"Junto à margem, com as águas a lamber-lhe o tronco, espalhando sua sombra nas águas de cristal da bacia, elevava-se airosa uma palmeira miriti.
Em uma das palmas do miriti um caraxué cantava.
Mais longe erguia-se uma grande árvore de cujos ramos pendiam os ninhos arboriformes dos japiins, que saltavam de galho em galho, soltando aos ares os seus alegres cantares.
O japiim é o garoto dos pássaros; o seu canto é irônico, galhofeiro e, às vezes, insolente.
O sabiá cantava no miriti e um canto semelhante partia do meio dos japiins.
O sabiá exasperava-se, sacudia frenético as asas e arrancava da garganta as suas mais belas notas.
Dir-se-ia que no bando de japiins havia um sabiá, porque um canto idêntico, de notas tão belas, respondia ao cantar pousado na rama do miriti.
E assim continuavam esse mimoso duelo à face da natureza". José Veríssimo (1857-1916). Cenas da vida amazônica. 2011, p. 234.


Carachué (Sabiá) - Cutipuruí - Vô-Vô - Peruinha-do-campo.
Album de Aves amazonicas - 1900-1906.
Ilustração de Ernst Lhose (1873-1930)

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