O lugar sagrado, onde todas as forças se reúnem harmoniosamente, segundo Martius




Pará 16 de agosto de 1819. Como me sinto feliz aqui, como chego a compreender a fundo muito daquilo que até agora era inacessível! O lugar sagrado, onde todas as forças se reúnem harmoniosamente e ressoam como canto triunfal, amadurece sensações e pensamentos. Parece-me compreender melhor o que é o historiador da natureza. Diariamente lanço-me na meditação do grande e indizível quadro da natureza e, embora seja fora do meu alcance compreender sua finalidade divina, ele me enche de deliciosas emoções – São três horas da madrugada, levanto-me da rede porque não consigo mais dormir de excitação; abro a venezianas e olho para a noite escura e solene. Magníficas brilham as estrelas, e o rio resplandece com o reflexo da lua poente. Como tudo é quieto e misterioso em torno de mim! Ando com o lampião para a fresca varanda e contemplo os meus queridos amigos, as árvores e arbustos em redor da casa. Alguns estão dormindo com as folhas bem dobradas, outros, porém que descansam de dia, elevam-se tranquilos na noite sossegada; poucas flores estão abertas; só vocês, perfumadas sebes de Paulinias, saudais o caminhante com a mais delicada fragrância, e você altiva e sombria mangueira, cuja copa folhuda me protege contra o sereno noturno. [...].  SPIX, J. B. von (1781-1826); MARTIUS, C. Fr. von (1794-1868). Viagens pelo Brasil - 1817-1820. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1938. v. 3, p. 18.


Paullinia cupana. Köhler, F. E. Medizinal Pflanzen, v. 3, t. 62, 1890.
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