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Mostrando postagens de março, 2015

As aves e seus sítios de hospedagem.

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"[...]. Assim como ocorre com os galináceos selvagens, também os papagaios e araras costumam ter seus sítios de hospedagem (isto é, seus locais de pernoite e alimentação) aos quais sempre retornam em determinadas épocas. [...]. As revoadas de papagaios e araras em bandos barulhentos, seguindo para seus sítios de hospedagem ou deles regressando, geralmente durante o lusco-fusco da tarde ou da manhã, é uma das cenas que primeiramente chamam a atenção do viajante que chega à Amazônia". Richard Spruce (1817-1893). Notas de um botânico na Amazônia . 2006, p. 337.     Augusto Ruschi. Aves do Brasil. v. 2, 1981. 

As árvores da floresta

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"Espessos capinzais cobrem as terras alagadiças com tal viço e em tal abundância que formam uma parede verde impenetrável, tornando o avanço impossível, quando não se abre caminho com um instrumento cortante. Dentre as múltiplas espécies de árvores, as palmeiras acenam com suas formas elegantes sobressaindo no labirinto verde e completando a impressão de exotismo da região. Algumas das árvores mais fortes parecem estar em atitude hostil recíproca e empenhadas em luta pela existência. É uma luta silenciosa, a que se fere entre elas; não obstante, aqui e ali já tombaram inúmeras vítimas. Muitos cadáveres de árvores colossais jazem desarraigados por terra, mas sobre seus corpos caídos desenvolvem-se novas vidas. Alguns desses troncos arrastaram outros na queda, sem eles próprios alcançarem a terra por terem sido detidos pela viçosa vegetação antes de tocá-la; e esta por sua vez arrasta outros companheiros mais fracos derrubando-os: um quadro simbólico da vida humana, na qual tantas

A vegetação da floresta virgem!

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"A vegetação da floresta virgem é de beleza e vigor incomparáveis. Nela se circula sem dificuldade, em geral através das altas matas que não deixam passar um raio de sol. O sol apenas deixa filtrar uma luz difusa: é dispensável usar chapéu. os índios também não têm nenhum. Eles se contentam com um diadema, para ornar a fronte e talvez para manter a cabeleira arrumada. Lianas de todas as espessuras se elevam em direção à luz, apoiadas nas grandes árvores, misturando sua folhagem às dessas últimas, mantendo-se cerradas. [...]. Há grande número de árvores sem muito valor: não se chega a utilizá-la nem para carpintaria, nem para a marcenaria - porque muito duras ou muito moles, nem mesmo para a produção de calor. Há à beira dos rios grandes extensões que se diriam virgens, e não se encontra aí uma árvore a abater para [a construção de ] vapores; procurar-se-ia igualmente em vão um pilar de casa, um tronco para escavar uma piroga, embora as árvores grandes e grossas sejam aí abunda

A floresta brasileira e suas aves.

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"Num galho seco, inclinado sobre o rio, enfileiram-se os mergulhões e os biguás. De quando em quando corta o espaço um par de asas com um grito penetrante, clarinada de alarme no deserto: "quero-quero"! Vê-se no outro galho o bisonho arapapá, encorujado e triste, e, mais abaixo, no solo úmido, o pavãozinho do Pará a negacear um inseto descuidado. Na lagoa amornecida pelos raios solares, uma assembleia de marrecões e patos selvagens mariscam ininterruptamente por entre as flores roxas dos mururés; e as irerês, completando o admirável painel, assobiam sem cessar, onomatopaicamente: ireré, ireré...[...]. No tapete úmido da mata sombreada cisca o mutum, o nhambu e o jacu, e nas frondes dos jatobás e caneleiras bandos álacres de periquitos, papagaios, maracanãs e araras revoluteiam na constante inquietação de apanhar os frutos que pendem dos ramos balouçantes. A não ser a gritaria dos psitacídeos ou o pipilar discreto de um ou outro pássaro esquivo, a floresta brasile

Viajantes: As Palmeiras.

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"[...]. Mas o que mais se encontra talvez nessas florestas é a palmeira. Há cerca de quarenta espécies comuns, de todas as formas, todas as espessuras, todas as elegâncias e todas as grandezas. Algumas sequer têm tronco; outras são apenas lianas, algumas saem da terra inteiramente retas, outras têm como que pé de colunas formadas de raízes aéreas por meio das quais engancham-se na terra nutriz; algumas são úteis, outras não têm mais nenhuma serventia. O açaí, o patauá, a bacaba, o miriti são apreciados por seus frutos, cuja drupa triturada na água morna faz uma bebida muito nutritiva e bastante agradável. [...]". Pe. Constant Tastevin (1880-1958). In: FAULHABER, Priscila; MONSERRAT, Ruth (Orgs.). Tastevin e a etnografia indígena . 2008, p. 29.       Palmeiras açaí.  Praça Batista Campos - Belém-Pará-Brasil Fotografia: Olímpia Reis Resque 

Viajantes: As embarcações na Amazônia.

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"Pouca coisa no Pará atrai tanto a atenção do estranho como as empetecadas embarcações fluviais. A todas as variedades de barcos, desde a corveta até a chalupa, dão a designação comum de canoas. Entretanto, poucas são as canoas, propriamente ditas, em tráfego. A montaria que tivemos ocasião de observar no Maranhão, é muito comum em Belém. As grandes canoas que fazem o tráfego fluvial parecem ter sido construídas para qualquer outro fim, menos para  aquele ao qual realmente se destinam. O casco eleva-se da água qual o de um junco chinês. A cerca de meia nau, há uma espécie de toldo, geralmente de palha, para proteger o navegador contra os raios do sol, ou contra o orvalho noturno. Às vezes, há também sobre a armação uma coberta semelhante, que dá uma certa homogeneidade à aparência do barco. Esse arranjo exige, por seu turno, a construção de um passadiço ou tombadilho, sobre o qual trabalham os encarregados da navegação. O timoneiro fica, geralmente, sentado sobre o toldo de ré

O Horto Botânico do Museu Paraense

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  Foi em junho que aportou o Dr. Jacques Huber, chefe da seção botânica e só depois de prévia instalação dele é que se pôde iniciar o serviço relativo a este anexo. Entretanto, há sempre um cometimento mais saliente a mencionar: a construção de um lago artificial, bastante grande, aterrado sobre o nível do jardim e destinado a receber, ao lado de outros vegetais aquáticos, principalmente a fenomenal Victória régia, planta amazônica admirável, única mesmo pelas dimensões das suas folhas e o tamanho das suas flores, que igualam em diâmetro uma roda de carroça. Deu-se a este lago a forma de Mar Negro, na Rússia meridional, havendo necessidade de escolher uma forma que oferecesse largura e espaço suficiente. Empatando o constante trânsito de carroças com materiais para o dito lago o espaço, que desde o princípio ficou destinado para o Horto Botânico, isto é, a metade oriental dos terrenos da frente, somente agora chegou o momento e a ocasião de elaborar-se um plano para mais can