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Um amanhecer no Pará

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            [...]. Às cinco horas, começa a amanhecer de todos os lados; um cinzento, fino e uniforme, corado pelo alvor e assim alegrado, cobre o céu; só o zênite é de cor mais escura. As formas das árvores aproximam-se cada vez mais; o terral, que levanta do leste, agita-nos lentamente e já aparecem reflexos róseos nas copas, lembrando abóbodas dos troncos de Caryocar , Bertholetia e Symphonia . Os galhos e as folhas agitam-se; os sonhadores despertam e banham no ar fresquinho da manhã [...]. FONTE: SPIX, J. B. von; MARTIUS, C. Fr. von. Viagem pelo Brasil (1817-1820) . Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2017. v. 3. p. 19. (Edições do Senado Federal, v. 244-C). Caryocar villosum F. C. Hoehne. Plantas e substâncias vegetais tóxicas e medicinais .   1939.  

Ubuçu: uma notável palmeira.

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          Desembarcamos numa ilha cheia de coqueiros, onde acendemos fogo e pusemos a ferver a chaleira para o chá. Afastei-me um pouco para o interior da ilha e me causou espanto o seu aspecto. A terra ficava abaixo do nível alcançado diariamente pela maré, de modo que não se via vegetação rasteira e o solo se mostrava inteiramente nu. As árvores consistiam, em sua maior parte, de uma única espécie de palmeira, a gigantesca Mauritia flexuosa de folhas em leque. Unicamente na orla havia uma outra espécie, em pequeno número, a igualmente notável palmeira denominada ubuçu, ou Manicaria saccifera . As folhas da ubuçu são eretas e sem recorte, medindo vinte e cinco pés de comprimento por seis de largura, todas elas dispostas no topo de uma haste de quatro pés de altura, e sua aparência faz lembrar uma gigantesca peteca. As palmeiras de folhas em leque, que cobriam praticamente a ilhota inteira, tinham enormes troncos lisos e cilíndricos, medindo um metro de di...

Saíras: aves de grande beleza!

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            As saíras são aves de grande beleza ornamental e rivalizam com os beija-flores no variegado dos coloridos.      Há até espécies em que parece ter a Natureza andado a experimentar sua paleta de artista, acumulando aqui e ali pequenos borrões, manchinhas, de tudo resultando um mostruário de cores vivas, animadas e harmoniosas. Mas esses cromozinhos, espertos e curiosos, essa passarinhada quase rutilante em seus trajes é acusada seriamente de estragar os frutos. [...]. SANTOS, Eurico. Pássaros do Brasil : vida e costumes das aves no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: F. Briguet, 1952. p. 198. Saíras Descourtilz, J. T. Oiseaux brillans du Brésil.  1834. www.biodiversitylibrary.org

Papagaios e araras em seu habitat

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          Comer e dormir no mesmo lugar pode ser perigoso para um animal, porque aumentam as chances de os predadores localizá-lo. Araras e papagaios amazônicos evitam esse problema, voando para os locais onde se alimentam, e retornando para o habitat onde dormem ao final da tarde. As matas inundadas da Amazônia desempenham um duplo papel na ecologia das araras e papagaios. Primeiramente, de qualquer lugar onde estiverem, as araras e os papagaios amazônicos retornam para a mata inundada ou ribeirinha para pernoitar. Eles também parecem escolher os locais de alimentação e de pousada em margens opostas de um rio. De manhã cedo, voando tão próximos que parecem ser uma única ave com quatro asas, os pares são avistados e ouvidos atravessando o rio para chegar aos locais de alimentação. Frequentemente, o tráfego de araras e papagaios pode ser considerado de mão dupla, pois os bandos, partindo e margens opostas, passam um pelo outro em pleno voo.   FONTE: GOU...

As praias nos rios da Amazônia

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         [...]. Quanto aos rios, alguns como o Solimões (Amazonas) e o Japurá, são largos de muitos quilômetros e cheios de ilhas arborizadas, com as margens elevadas, em cujo centro encontram-se lagos. Estas ilhas geralmente se afundam inteiramente, na época das cheias, enquanto que, na estação seca, estendem-se por praias às vezes bem grandes, onde as tartarugas vêm escavar para colocar seus ovos. Outros rios são estreitos em relação a seu curso, pois o Juruá, apesar de seus 4.000 quilômetros de comprimento, e o Jutaí, com seus 2.000 quilômetros, não chegam a 600 metros de largura, na sua boca. Assim que alcançam uns trinta metros de largura, apresentam praias em todas as curvas, as quais se sucedem incansavelmente da direita à esquerda e da esquerda à direita até a sua confluência. Essas praias seriam ótimas estações balneárias, caso não estivessem infestadas pela presença de jacarés e se o lugar fosse mais povoado  e mais alegre. Entre a grande flo...

Ubuçu: a palmeira mais característica dos Furos de Breves

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          Não se pode tratar da vegetação dos Furos de Breves sem citar a palmeira mais singular e característica desta região, o ubuçu ( Manicaria saccifera ). O seu bouquet de imensas folhas lanceoladas e muitas vezes quase inteiras, de um verde claro, aparece só com intervalos na margem dos canais e isto somente nas concavidades das beiras, carcomidas pela correnteza, mas logo que se entra em qualquer lugar, por dentro da floresta, ele constitui um dos elementos dominantes da vegetação, ao menos nos trechos periodicamente inundados. [...]. Mesmo no meio dos igapós onde o ubuçu abunda, a água é semeada de frutos, quando os seus cachos pendentes amadurecem. Todo mundo aqui conhece a espata da inflorescência do ubuçu, que, sob o nome de "tururi", serve de boné e de saco para guardar objetos miúdos. [...]. FONTE: HUBER, Jacques. Contribuição à geographia physica dos furos de Breves e da parte occidental de Marajó. Boletim do Museu Paraense de Historia Natura...

Colibri: verdadeira joia da Natureza

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          Para Buffon, o beija-flor (colibri) é de todos os seres vivos, o mais elegante na forma e o mais brilhante pela variedade das cores - verdadeira joia da natureza que, favorecendo-o, cumulou-o de dotes apenas distribuídos entre as outras aves. A esmeralda, o rubi, o topázio brilham sobre suas penas que ele jamais suja com a poeira da terra e, na sua vida - toda aérea - vemo-lo apenas tocar a relva por instantes. Sempre no ar, voando de flor em flor, só habita os climas onde, sem cessar, elas se renovam.           É nas mais quentes regiões do Novo Mundo que se encontram todas as espécies de beija-flores. Assaz numerosas, parecem confinadas entre os dois trópicos pois as que avançam no verão nas zonas temperadas, aí só fazem curta estada; parecem seguir o Sol, avançar e retirar-se com ele e voar sobre as asas do zéfiro em busca de uma primavera eterna ... FONTE:   MIRANDA NETO, Manoel José de. Marajó : desafio da A...