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Uma revoada de guarás

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     [...]. Os "sacaís" ou galhos secos, que se encontram pelo chão e meio submersos à margem dos "igarapés", servem de poleiro às mais variadas aves, as quais completam, com sua linda plumagem, o adorno daquela natureza selvagem e bela.      Ao perceberem aproximar-se qualquer embarcação, bandos de "ciganas", no seu voo pesado, levantam-se das decorativas "aningas" ribeirinhas e, assustadas, lançam um grito rouco qual um som de clarim desafinado.      Sua plumagem parda contrasta com a alvura das "garças" e com o vermelho vivo dos "guarás".      Uma revoada de guarás é belíssima!    Em formação perfeita de voo, essas aves vencem grandes distâncias.        Ao voar, estendem o longo pescoço e a curta cauda de modo a formar uma linha reta atravessada perpendicularmente pela linha de suas asas estendidas.      Forma o pássaro nessa posição uma perfeita cruz, vermelha pelo colorido de su...

Uma noite cheia de ruídos

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         [...]. Dizem que as anhumas gritam de hora em hora. Pode-se ouvir o som penetrante e repetitivo das cigarras nas árvores próximas. De vez em quando, ouve-se o grito rouco dos jacarés vindo dos aguapés próximos. Barulho maior ainda fazem os Penelope araquãs . Machos e fêmeas gritam, um após o outro, no mesmo tom. Os portugueses contam que o macho diz "Quero casar!" e a fêmea responde "Para o Natal!". [...]. No meio de todos esses sons, ouvem-se nitidamente as numerosas Ardea (socó-boi), as gaivotas e outros pássaros aquáticos, o coaxar dos sapos e rãs. Toda essa barulheira acabou abafando completamente o odioso zumbido dos mosquitos. Eu não estaria faltando com a verdade se dissesse até que ouvi também o esturro da onça enorme que vimos à noite, ao chegarmos na margem direita oposta, e dos milhares de macacos gritadores espalhados por toda parte. G. Langsdorff FONTE: OS DIÁRIOS DE Langsdorff.: Mato Grosso e Amazônia. Campinas: Associação Internacio...

Um gigantesco cenário de vida

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     [...]. Tudo se move ou se agita inata e singularmente, nesse gigantesco cenário de vida, nesse templo maravilhoso de todas as religiões.      O s mesmos movimentos do Sol e as cintilações estelares, parece que se modificam ou aceleram, em face dessa agitação, regionalíssima, que se estende por todo o grandioso painel imutável.     Mas é que tudo se move ou se agita, sobre o rio lendário, ou na sua direção.     Tudo se movimenta sobre as suas águas turvas, ou para elas chegar.     É uma espécie de atração do abismo essa gravitação em torno do rio, das diversas zonas que ele banha ou inunda, e das quais arranca ou desagrega barrancos, árvores, flores, frutos e vidas.     Já vimos, numa ilha flutuante, enorme barranco desagregado das terras do rio Jutaí, frondentes árvores, carregadas de frutos, passarinhos e grandes aves, um veado e uma capivara.     E no fato não acreditaríamos, se dele não tivéssemos s...

Um lindo grupo de tucanos

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         Ao cair da noite, vimos surgir das águas no horizonte a oeste, a Serra de Monte Alegre, enquanto atrás de nós, a igual distância, a Serra de Paru excedia em altura a floresta da margem. Três tucanos pousados no alto dum galho seco iluminados pelo sol poente, formavam um lindo grupo com os grandes bicos purpurinos e peito de brilhantes cores. Não vira até então, tucano de bico encarnado. Embora as cores dessas aves sejam muitas, considero-as simples variações, pois do contrário haveria muitas espécies de tucanos.    FONTE: AVÉ-LALLEMANT, Robert. Viagem pelo norte do Brasil no ano de 1859 . Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1961. v. 2, p. 72. (Coleção de Obras Raras, 7). Tucanos   Álbum de Aves Amazônicas - 1900-1906 Desenho de Ernst Lohse (1873-1930)

Frondosas árvores frutíferas

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      [...]. Viam-se por toda parte as largas copas escuras de frondosas mangueiras entre as habitações, rodeadas de laranjeiras em flor, limoeiros e muitas outras árvores frutíferas, próprias das regiões tropicais, umas em flor, outras cobertas de frutos em vários estados de desenvolvimento. Aqui e ali, destacando-se das árvores mais altas e copadas, viam-se os caules lisos e colunares das palmeiras, que ostentavam, por cima de tudo, as copas magníficas de folhas finamente recortadas. Entre estas era especialmente digno de admiração o esguio açaizeiro, crescendo em pequenas touceiras de quatro ou cinco, com seu estipe levemente curvo liso, de 20 a 30 pés de altura, terminando numa coroa de folhas que parecem grandes plumas, de uma leveza e elegância indescritíveis. [...]. FONTE: BATES, Henry Walter. O naturalista no rio Amazonas . São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1944. v. 1, p. 34. (Biblioteca Pedagógica Brasileira. série 5a. Brasiliana, v. 237. Manga ( Mangif...

Pupunhas

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          [...]. As casas, geralmente construídas de barro e caiadas de branco, são cobertas de telhas ou folhas de palmeira. Quase todas são rodeadas por um pomar, cercado de estacas e plantado de laranjeiras e palmeiras tais como coqueiros, açaís, pupunhas ou palmeiras de pêssego. Estas últimas carregam em graciosos pendões os seus frutos, muito parecidos com os nossos pêssegos, pelo tamanho e pela cor; são comidos depois de cozidos, e com um pouco de açúcar, sendo o seu gosto muito agradável.   FONTE: AGASSIZ, Luiz; AGASSIZ, Elizabeth Cary. Viagem ao Brasil; 1865-1866. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2000. p. 215. (Coleção O Brasil visto por estrangeiros) Frutos da palmeira Pupunha ( Guilielma speciosa ) J. Barbosa Rodrigues. Sertum Palmarum Brasiliensium .v.2, 1903 www.plantillustrations.org

Uma imensidade de pássaros aquáticos

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      Depois, na época da seca, tudo se transforma: os rios, com a baixa das águas, deixam, para além das suas margens, grandes lagoas isoladas, no centro da floresta, ali formadas pelas depressões do terreno e onde permanece uma grande quantidade de peixes, tais como os saborosos tucunarés, cascudos, traíras, piabas, dourados e muitos outros, de menor tamanho, mas também de magnífico paladar. Pontilhando de imaculada alvura as margens dessas lagoas efêmeras, é  muito comum verem-se bandos enormes de garças, como também incrível abundância de outras aves, como os biguás, os socós-bois, dotados de extravagantes e imensos bicos, jaburus e uma imensidade de pássaros aquáticos, que montam guarda à  espreita duma oportunidade para fazer as suas pescarias... Ali, à tardinha chegam ainda bandos de patos silvestres, para refrescar-se e buscar também alimento, enquanto as saracuras emitem seu irritante grasnar escondidas dentro dos brejos. FONTE: PRADO, Eduardo Barr...