Literatura: Os papagaios
Eurico Santos (1883-1968) jornalista brasileiro, em sua obra Da ema ao beija-flor. 2. ed. 1952. p. 207, comenta sobre o modo de vida dos papagaios:
Uma vez terminada a incubação, reúnem-se as famílias em grandes bandos em procura das fruteiras silvestres. Quando descobrem uma roça de milho, então é um regabofe: abatem sobre ela muito caladinhos e só se ouve o "trac-trac" das mandíbulas.
À tarde após as excursões. volta o bando gárrulo ao pouso escolhido e, antes de se acomodarem, disputam os papagaios entre si os melhores sítios, surgindo altercações, roucas imprecações e beliscadas de arrancar penas.
Quando tudo já parece que serenou, rebenta nova discussão entre vizinhos mal acomodados e, de novo, o bando todo protesta contra o distúrbio e novamente o berreiro se alastra pela floresta.
Adensa-se o crepúsculo, as sombras da noite descem e então reina o silêncio no bivaque dos papagaios.
Entre nós pode ser considerado o mais vulgar e eloquente dos palradores. Seus talentos oratórios são incontestáveis. Sabe tudo que lhe ensinam, canta, assobia, ralha, pilheria e descompõe.

Papagaios
Augusto Ruschi. Aves do Brasil. v. 2, 1986.
Ilustrações de Etienne e Yvone
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