Os Cipós

            [...]. No Brasil, as trepadeiras têm em todas as províncias o nome genérico de cipó. Sem haver viajado pelos grandes bosques do interior ou da costa oriental, é  impossível imaginar o aspecto selvagem e grandioso que às paisagens dão certos cipós: variados ao infinito em seu porte, em sua folhagem e na maneira extraordinária porque vão lançar caprichosamente seus braços gigantescos  no meio de árvores seculares, que estranguladas por eles algumas vezes fenecem; interrompidos com frequência no seu crescimento por rochedos, que recobrem de flores, para subirem ao topo das suas maiores árvores, antes de penderem em longos filamentos, por toda a parte oferecem o aspecto mais bizarro e quase sempre uma vegetação cheia de elegância. Aqui é uma multidão de cordoalhas, pendentes e entrelaçadas, semelhantes às complicadas manobras de um navio! Acolá são ramos verdejantes, balançando suas guirlandas floridas, que servem de abrigo às aves que muitas vezes gostam de ali localizar seu ninho, quase sempre abandonado às brisas da floresta; mais longe, vereis como um réptil de pele bronzeada se alça, volteando ao longo de uma grande sucupira ou de um vinhático, para se esconder na sombra abóbada  de seus curvos ramos; por toda a parte  é um luxo de plantas entrelaçadas de flores unidas  em guirlandas que atestam o vigor da vegetação e fazem a pompa das florestas. [...].

DENIS, Ferdinand. Brasil. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo, 1980. p. 78-79. il. (Reconquista do Brasil, v. 46).


Paisagem na selva tropical
Ilustração de J. M. Rugendas. 1830

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