Travessia sob um bambuzal

        [...]. O vale vai se estreitando à medida que se aproxima das cabeceiras do igarapé e a mata se tornando mais cerrada. O caminho aquático também diminui de largura e fica mais sinuoso por causa das árvores, agora mais juntas umas das outras. Os galhos de algumas delas se espalhavam pouco acima de nossas cabeças e se apresentavam carregados de epífitos; uma orquídea me chamou a atenção particularmente, por causa de suas flores amarelo-vivo, que brotavam da ponta de hastes de vários metros de comprimento. Alguns troncos, principalmente os das palmeiras, estavam cobertos logo abaixo da coroa por densos tufos de lustrosos potos de folhas em forma de escudo, de mistura com samambaias. Naquele ponto nós nos achávamos, de fato, no coração da floresta virgem. Não ouvíamos o menor rumor de vida animal nas árvores, e só vimos um pássaro azul-celeste empoleirado solitariamente no alto de um galho. Durante um certo trecho era tão errada a vegetação baixa que o caminho passava sob uma  abóbada de folhagem, tendo os ramos sido cortados apenas o suficiente para dar passagem a uma embarcação pequena. Esse matagal era composto principalmente de bambus, cujas folhas finas e hastes flexíveis e recurvadas formavam belos e plumosos caramanchões. [...]. 

FONTE:

BATES, Henry Walter. Um naturalista no rio Amazonas. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed da Universidade de São Paulo, 1979. p. 223-224. (Reconquista do Brasil, v. 53).



Travessia sob um bambuzal
J. Crevaux. Voyages dans L´Amérique du Sud. 1883.
Desenho de E. Riou (1833-1882)


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